Monica Yanakiew
Correspondente da Agência Brasil/EBC
Assunção – O presidente eleito do Paraguai, Horacio Cartes, disse hoje (22) que há disposição dele e também dos vizinhos para a volta do país ao Mercosul e à União de Nações Sul-Americanas (Unasul). E que o momento não é olhar para o que ocorreu no passado, mas para o futuro.
O Paraguai foi suspenso dos dois blocos, pois os líderes dos países-membros discordaram da forma como foi conduzido o processo de impeachment do então presidente Fernando Lugo, em junho de 2012. Nesse mesmo período, foi aprovada a entrada da Venezuela no Mercosul, sem o aval dos paraguaios.
“Meses depois [do impeachment] nos sentamos com embaixadores de outros países e vimos que há muita predisposição para endireitar a situação. Só temos dois caminhos: olhamos para trás, e alguns ainda estão olhando para a Guerra da Tríplice Aliança, ou olhamos para a frente. Nós notamos que existe toda predisposição para reparar os erros. Tínhamos que esperar as eleições. As eleições passaram e tem um bom clima. Vamos colocar todo o esforço para resolver a situação”, disse na primeira entrevista à imprensa internacional.
“Os países estão com boa disposição. Quando há predisposição, quando as pessoas estão a fim de falar, temos que buscar coincidências do que ficar nessa diferença que não é boa para ninguém”, acrescentou.
A próxima Cúpula do Mercosul, em junho, será em Montevidéu, capital uruguaia. Contou que foi convidado para o encontro, mas disse que não irá participar, pois assume a Presidência do país somente no dia 15 de agosto, o que seria uma "descortesia" com o atual governo. A reunião seguinte será na Venezuela.
Além dos paraguaios não terem aprovado a entrada da Venezuela, Nicolás Maduro, novo presidente do país, foi considerado “pessoa não grata” pelo Congresso do Paraguai quando era chanceler e vice de Hugo Chávez, morto em março. O Partido Colorado, partido de Cartes, posicionou-se contra o ingresso da Venezuela. Para reverter esta situação, dois terços dos congressistas precisam aprovar a incorporação dos venezuelanos.
“Vamos continuar com outras reuniões e continuar falando. Há disposição de se reintegrar à Unasul e ao Mercosul e outros blocos regionais também”, declarou o presidente eleito, que respondeu as perguntas dos jornalistas em português e em espanhol.
Cartes recebeu felicitações dos presidentes José Pepe Mujica (Uruguai), Cristina Kirchner (Argentina) e Dilma Rousseff (Brasil). Com Cristina, agradeceu o fato de a Argentina ter “acolhido mais de 1 milhão de paraguaios, que encontraram lá, o que não encontraram aqui, direito de trabalhar”. Com Dilma, por telefone, manifestou interesse em conhecer os programas brasileiros de combate à fome e à pobreza, ressaltando que no Paraguai existe a “equação do diabo: muita pobreza dentro de muita riqueza".
Cristina Kirchner, José Pepe Mujica e Juan Manuel Santos (Colômbia) enviaram mensagens parabenizando o presidente eleito e indicaram que o fim da suspensão do Paraguai dos blocos regionais está próximo porque o país demonstrou ter respeitado as instituições democráticas, na forma como ocorreram as eleições de ontem (21).
Em entrevista à Agência Brasil, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, embaixador Tovar da Silva Nunes, elogiou a forma como ocorreram as eleições no território paraguaio, mas destacou que não há um "automatismo" relativo ao fim da suspensão do Paraguai nos blocos. A Presidência da República informou, em nota, que a presidenta Dilma Rousseff telefonou para Cartes "a fim de transmitir os cumprimentos pela vitória nas eleições presidenciais do último domingo naquele país. Dilma desejou um governo bem-sucedido e ressaltou a disposição para recompor as relações bilaterais e do Paraguai com o Mercosul".
Edição: Carolina Pimentel
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