Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro- Enquanto eram conhecidas as propostas para administração do complexo esportivo do Maracanã, a sociedade civil lançou hoje (16), em frente à sede do governo estadual, uma campanha para discutir qual melhor forma de gerir o estádio, sob a ótica da população. A iniciativa é do Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas Rio, para debater a finalidade do Maracanã.
Durante um protesto simbólico, o movimento lançou a Consulta Pública Popular e distribuiu panfletos questionando a licitação, que inclui a demolição do Parque Aquático Júlio Delamare e do Estádio de Atletismo Célio de Barros. A Escola Municipal Friedenreich, que fica nas imediações, também fechará as portas para reconfiguração do complexo.
De acordo com o representante da organização, Gustavo Mehl, o governo do Rio, que não autorizou a presença do comitê na abertura dos envelopes com as propostas, não promoveu um diálogo com a população sobre o uso do estádio. “O governo ignorou de forma autoritária as manifestações e impediu a sociedade de participar da elaboração do modelo de gestão", disse.
Segundo Mehl, para pensar os usos do estádio, foram organizadas consultas públicas populares, com base em iniciativas semelhantes de governos. Publicada no site da organização na internet, a consulta está dividida em três fases, sendo o diagnóstico da situação (com breve histórico do estádio), propostas para gestão e uso do espaço, além das consultas, em si.
“O melhor Maracanã para gente seria um complexo que continuasse servindo ao esporte, à saúde, ao lazer, a educação e à cultura da população, que seja um espaço público, que não seja reservado a pessoas de maior poder aquisitivo”, disse Mehl. “Queremos mantê-lo como símbolo de participação popular, como vem sendo desde 1950 e não transformá-lo em shopping”, acrescentou.
A consulta pública fica no ar até o dia 15 de junho, data prevista de estreia da seleção brasileira de futebol na Copa das Confederações, que terá jogos no Maracanã.
“Estamos fazendo o que o governo deveria ter feito em 2009, quando surgem os boatos de que a intenção seria a privatização do Maracanã, após os Jogos Pan-Americanos, mesmo após o investimento de R$ 1 bilhão na reforma do estádio para a competição”, disse Mehl.
O governo do estado do Rio, responsável pela licitação do estádio, não se manifestou sobre as críticas até a publicação da matéria. Mais tarde, a assessoria de imprensa da Casa Civil informou que os oito representantes do movimento, incluindo uma idosa e o neto, foram proibidos de entrar "para preservar a sessão".
Edição: Carolina Pimentel//Texto ampliado às 16h35 para acréscimo do posicionamento da assessoria de imprensa da Casa Civil
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