Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O segundo dia de julgamento do Massacre do Carandiru teve início às 9h50 de hoje (16), com o depoimento do desembargador Ivo de Almeida. Ele era juiz corregedor do presídio em outubro de 1992, quando ocorreu a invasão policial para conter a rebelião no Pavilhão 9 da Casa de Detenção do Carandiru. Também será ouvido hoje o governador à época, Luiz Antônio Fleury Filho, que já está no tribunal. Eles foram convocados pela defesa dos 26 policiais militares que estão sendo julgados desde ontem no Fórum da Barra Funda.
Outra testemunha de defesa a depor hoje será Pedro Franco de Campos, que estava à frente da Secretaria de Segurança Pública. A ação, ocorrida em 2 de outubro de 1992, resultou na morte de 111 detentos. Os juízes corregedores do presídio à época do massacre, Fernando Antonio Torres Garcia e Luiz Antonio San Juan França, também foram convocados pela advogada de defesa Ieda Ribeiro de Souza. Eles acompanharam as negociações antes da entrada dos policiais militares no Carandiru.
Ontem foram ouvidas cinco testemunhas de acusação. Três delas eram detentos que sobreviveram à ação policial no Carandiru. O diretor da Divisão de Segurança e Disciplina da Casa de Detenção do Carandiru, Moacir Santos, também prestou depoimento, no qual relatou que os policiais já chegaram “metralhando” para conter a rebelião.
O último a depor foi o perito criminal Osvaldo Negrini Neto. Ele declarou que a falta de vestígios de projéteis e de estojos vazios mostraram que a cena do massacre foi adulterada ou violada. A promotoria , que pretendia ouvir 14 testemunhas, absteve-se de ouvir as demais.
Devido ao grande número de réus envolvidos, o julgamento do Massacre do Carandiru está sendo feito em etapas. A previsão é que esta primeira dure entre uma e duas semanas. Os 26 réus julgados agora são acusados por 15 mortes ocorridas no segundo pavimento do Pavilhão 9.
Edição: Denise Griesinger
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