Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A expectativa de elevação dos juros básicos da economia está tendo impacto no custo da dívida do governo. De acordo com o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Fernando Garrido, os juros dos títulos prefixados, cujas taxas são definidas no momento dos leilões, estão subindo desde o fim de janeiro.
Para a NTN-F (título prefixado) com vencimento em 2023, o Tesouro Nacional pagou 9,51% ao ano no leilão de 31 de janeiro. No leilão mais recente, em 21 de março, a taxa saltou para 9,74% ao ano. Para a LTN com vencimento em julho de 2016, os juros subiram de 8,75% ao ano no leilão de 1º de fevereiro para 9,31% ao ano em 22 de março.
Garrido admitiu que o principal fator que tem impactado os juros dos títulos públicos é a antecipação dos investidores em relação a uma provável elevação da taxa Selic (juros básicos da economia). “As expectativas dos agentes econômicos em relação ao comportamento futuro das taxas de juros interferiu nos leilões. Isso tem relação com o ciclo monetário”, declarou.
Como prevêem que o Banco Central terá de aumentar a taxa Selic para combater a inflação, os investidores passaram a pedir juros maiores. De acordo com o Boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central, os analistas de mercado acreditam, cada vez mais, que os juros básicos voltarão a subir pela primeira vez em dois anos.
No boletim Focus, divulgado hoje (25), as instituições acreditam que a taxa Selic encerrará 2013 em 8,5% ao ano. Até o início do mês, os analistas apostavam na manutenção dos juros básicos em 7,25% ao ano, o menor nível da história. A Selic foi reajustada pela última vez em julho de 2011, quando o Comitê de Política Monetária do Banco Central elevou a taxa de 12% para 12,5% ao ano.
Apesar da perspectiva de elevação dos juros básicos, Garrido ressalta que o impacto sobre o custo da dívida pública será parcialmente diluído porque o governo está diminuindo a fatia de títulos vinculados à Selic no total da dívida. Em fevereiro, a parcela da dívida interna corrigida pelos juros básicos encerrou o mês em 23%. O Tesouro pretende reduzir essa proporção para uma faixa entre 14% e 19% até o fim do ano.
De acordo com Garrido, em 2013 vencerão cerca de R$ 150 bilhões em títulos corrigidos pela Selic. “Como o Tesouro vai emitir em volume menor que os vencimentos, a menor rolagem fará a parcela da dívida [interna] vinculada à Selic convergir para o intervalo estabelecido no Plano Anual de Financiamento”, ressaltou.
Por meio da dívida pública, o governo pega emprestados recursos dos investidores para honrar compromissos. Em troca, compromete-se a devolver os recursos com alguma correção, que pode ser definida com antecedência, no caso dos títulos prefixados, ou seguir a variação da taxa Selic, da inflação ou do câmbio.
Edição: Carolina Pimentel
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