Legado de Sérgio Vieira de Melo precisa ser reconhecido, diz subsecretária da ONU

06/03/2013 - 19h00

Luciano Nascimento
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Em seu último dia de visita ao Brasil, a subsecretária-geral para Assuntos Humanitários e diretora do Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha), Valerie Amos, disse que o legado deixado pelo brasileiro Sérgio Vieira de Melo precisa ser reconhecido. Para a chefe humanitária das Nações Unidas, o brasileiro, seu antecessor no cargo, personificava o projeto que a Organização das Nações Unidas (ONU) deve seguir. “Nós o perdemos há dez anos, mas eu penso que o seu legado permanece,” disse à Agência Brasil.

Reconhecido como um homem de ação e adepto do diálogo, Vieira ocupava o posto de secretário-geral adjunto para Assuntos Humanitários das Nações Unidas, quando foi morto no Iraque, após explosão de um caminhão-bomba, em 2002. A subsecretária lembrou que a obstinação, firmeza e carisma do brasileiro eram seus maiores aliados nas negociações em busca da paz. “Eu penso que o governo brasileiro segue a mesma linha,” completou.

No Brasil, Valerie participou ontem (5) do lançamento da Ação Humanitária Global 2013, no Palácio do Itamaraty. Ela fez um apelo em nome das agências das Nações Unidas e outros organismos humanitários para que os países contribuam com o levantamento de US$ 10,5 bilhões  para atender 57 milhões de pessoas em 24 países que sofrem com crises ou emergências. O governo brasileiro se comprometeu em doar US$ 1 milhão ao fundo internacional.

Valerie Amos voltou a destacar que o Brasil tem muito a contribuir com a ajuda humanitária. Especialmente compartilhando a experiência de seus programa de combate à fome e à miséria. “É muito importante perceber o papel que o país tem, não só em termos de contribuição financeira, mas de compartilhar as experiências internas, a exemplo do Fome Zero e da Segurança Alimentar,” ressaltou.

A subsecretária considera as situações da Síria, “com 1 milhão de refugiados em países vizinhos e 4 milhões dentro da Síria que são afetados diretamente”, da Somália, do Iêmen, Sudão, Afeganistão e Mali como as “mais urgentes.”

Ao comentar sobre a situação do Haiti, onde o governo brasileiro lidera uma missão de paz, Valerie acredita que o governo brasileiro é capaz de cuidar dos haitianos refugiados no país e disse que o país caribenho ainda merece atenção especial da comunidade internacional. “É importante prestar atenção nas pessoas que ainda moram em acampamentos e que ainda sofrem com os efeitos do terremoto e do cólera. É preciso olhar para essas pessoas com o pensamento de longo prazo, até que consigam, de fato, reconstruir seu país,” frisou.

Edição: Carolina Pimentel

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