Leandra Felipe
Correspondente da Agência Brasil/EBC
Bogotá - Produtores de café colombianos começaram hoje (26) uma greve em diversas regiões do país. O motivo da manifestação, segundo os cafeicultores, é o alto custo do transporte do produto e os prejuízos devido à valorização do peso colombiano na comparação com o dólar. A paralisação divide as forças políticas do país: o atual presidente Juan Manuel Santos é contrário à greve e o ex-presidente Álvaro Uribe, a favor.
Desde o começo da manhã, milhares de produtores bloqueiam rodovias no chamado Eixo Cafeeiro (Região Cafeeira) ou Triângulo do Café. Os principais departamentos atingidos são Antioquia, Caldas, Huila e Santander. Mais cedo, no início dos protestos, o presidente Juan Manuel Santos, afirmou em cadeia nacional de rádio que sabe e conhece dos problemas dos cafeicultores, mas que a greve não era "justificada".
“Todos sabemos que existem dificuldades no setor cafeeiro. O preço internacional caiu muito nos últimos anos e a produção apresentou quedas acentuadas nos últimos cinco anos, mesmo assim, essa greve é inconveniente, injusta e desnecessária”, declarou Santos.
Em seu pronunciamento, Santos disse que a “maioria dos cafeeiros” não aderiu aos protestos e lembrou que o movimento não tem o apoio da Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia.
O presidente afirmou que há motivos “políticos” por trás da greve. “Atenção porque há muitos interesses para enfraquecer a instituição cafeeira. Há quem queira interferir politicamente em benefício próprio. Não devemos jogar o jogo dessa gente”, declarou.
Do lado contrário, está o antecessor de Santos, o ex-presidente Álvaro Uribe. Representante da direita no país, Uribe expressou seu apoio aos grevistas dizendo que todas as reivindicações são válidas. “As palavras de Santos, em seu discurso contra a greve, não condizem com a verdade."
O senador Jorge Enrique Robledo, do Polo Democrático Alternativo, representante da esquerda, também declarou apoio aos cafeicultores grevistas. "O partido respalda a greve e se solidariza com o setor.”
A Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia divulgou nota de repúdio ao protesto. “A reflexão do presidente é lúcida. Nossa federação tem recebido importante ajuda financeira do governo nacional, desde o início de seu mandato”, diz o comunicado.
Na semana passada, Santos firmou um acordo com a instituição para amenizar os efeitos da crise para a economia cafeeira. O pacote de medidas anunciadas inclui estender o prazo de financiamento para os cafeicultores e aumentar o valor de créditos disponíveis.
A cafeicultura colombiana é baseada na pequena propriedade de terra. A maioria das plantações não ultrapassa dois hectares. Ao todo, mais de 560 mil famílias produzem café no país.
Edição: Lílian Beraldo
Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir as matérias é necessário apenas dar crédito à Agência Brasil