Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Cerca de 1.070 garis trabalharão por dia no carnaval deste ano na limpeza dos locais por onde vão passar os blocos de rua, do Sambódromo, do centro da cidade e da Estrada Intendente Magalhães, na zona norte da cidade. A expectativa do presidente da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), Vinícius Roriz, é que neste ano seja removida a mesma quantidade de resíduos deixados na rua durante o carnaval de 2012. Somente dos locais por onde passaram os blocos de rua e da Passarela do Samba foram retiradas mil toneladas de lixo no período.
Segundo Roriz, a atuação da Comlurb terá duas linhas. A primeira será o acompanhamento dos cerca de 492 blocos que desfilarão pela cidade. “É um fenômeno recente no Rio de Janeiro, que aumentou muito nos últimos anos e a cada ano apresenta um desafio novo para a Comlurb, pelo número de pessoas envolvidas em cada um desses blocos. Existem blocos com mais de 200 mil pessoas”, disse ele à Agência Brasil. Os blocos são classificados pelo tamanho e as equipes e equipamentos da Comlurb são planejadas de acordo com essas características. Roriz destacou que mesmo os blocos pequenos exigem atenção em termos de limpeza urbana.
Apenas para a limpeza dos blocos, foram destacados 300 garis por dia. O desfile do Bloco da Preta, liderado pela cantora Preta Gil, que saiu ontem no último domingo na Avenida Rio Branco, no centro do Rio, gerou quase 17 toneladas de resíduos. Do desfile do Cordão da Bola Preta, que também saiu no último final de semana, a Comlurb retirou 10 toneladas de lixo. A passagem dos blocos Simpatia é Quase Amor, em Ipanema, gerou 3 toneladas de lixo, e do Suvaco do Cristo, no Jardim Botânico, 5 toneladas.
A operação de limpeza começa logo depois da passagem dos blocos. Caminhões compactadores recolhem o lixo, que é depositado nos conteineres distribuídos ao longo do percurso. Enquanto isso, equipes de limpeza vêm atrás dos blocos com pulverizadores e carros-pipa lavando as ruas. O trabalho conta com suporte de um carro lava-jato, uma pequena varredeira mecânica e, às vezes, um mini caminhão basculante. “O processo de limpeza tem que ser rápido, porque é preciso liberar a via imediatamente após a passagem do bloco”.
Na área do Sambódromo e arredores, a limpeza envolve 600 garis diariamente. A operação começa amanhã (7). “A gente já prepara o Sambódromo para receber os visitantes e, em todos os dias de desfile, temos aquela operação que já é bem conhecida”. No intervalo entre o desfile de uma e outra escola, uma equipe da Comlurb passa limpando o local.
O bloco dos garis, como ficou conhecido, fez a fama de Renato Luiz Feliciano Lourenço, mais conhecido como Renato Sorriso. O gari ganhou fama quando limpava a passarela sambando, no intervalo dos desfiles das escolas de samba na Marquês de Sapucaí, em 1997. Neste carnaval, a empresa instalou 1.100 conteineres na Passarela do Samba para descarte de resíduos, além de outros 100 no Terreirão do Samba, situado ao lado, com apoio de 60 máquinas e equipamentos. A limpeza é diurna e noturna e prossegue durante toda a madrugada, destacou Roriz.
A exemplo do que ocorreu no carnaval do ano passado, a Comlurb repete este ano um serviço de coleta seletiva dentro do Sambódromo. Junto com a Federação de Cooperativas de Catadores de Materiais Recicláveis e o Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis do Rio de Janeiro, foi formada uma equipe de catadores para coletar latas de alumínio e garrafas plásticas. A iniciativa conta com parceria da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, da Empresa de Turismo do Município do Rio (Riotur) e da Coca-Cola Brasil.
No carnaval de 2012, foram recolhidas 59 toneladas de material reciclável no Sambódromo. “É uma quantidade expressiva, que gera renda para o catador”. O produto da venda do material se destina aos catadores, que recebem também uniforme, tíquete para lanche, tênis e capa de chuva, além de material de apoio à limpeza. Roriz estima que neste ano o volume de material retirado supere a quantidade de 2012. “A gente acredita que vai conseguir fazer uma operação bastante eficiente”.
Para o presidente da Comlurb, não basta uma ação somente das autoridades. “É muito importante que cada um faça a sua parte nesse processo. Que a gente faça a limpeza do logradouro, garanta que ele vai estar apresentável para a cidade no momento imediatamente seguinte à passagem do bloco ou no Sambódromo. Mas a gente pede que o folião tenha uma atitude positiva, depositando o lixo nos conteineres, evitando ter uma destinação inadequada para o resíduo, seja na rua, seja no canteiro. Isso já ajuda bastante e [contribui tornar nosso trabalho mais rápido e eficiente, além de estreitar a parceria] entre todos os participantes do evento”.
Edição: Tereza Barbosa
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