Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Enquanto milhões de pessoas passam fome no mundo, não é possível discutir um novo modelo de desenvolvimento com bases sustentáveis. A declaração, dada pelo diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), José Graziano, em Santiago, no Chile, refere-se ao principal tema da Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) – União Europeia (UE), que ocorre até segunda-feira (28).
No primeiro encontro do grupo, representantes de 60 países da América Latina, do Caribe e da União Europeia devem aprofundar as relações entre as regiões, discutindo, inclusive, cooperações e parcerias em diversas áreas como a que trata de energias renováveis e de questões mais sensíveis em um cenário de crise financeira internacional, como novos padrões de negociações comerciais.
Graziano alertou que a reunião deve ser vista como uma oportunidade para que os países proponham “caminhos para um futuro sustentável, ambientalmente, socialmente e economicamente justo, que é o que todos nós queremos". As discussões sobre segurança alimentar têm ganhado destaque crescente em debates internacionais sobre um novo modelo de desenvolvimento global, em convenções e conferências mundiais como a Rio+20, realizada em junho do ano passado no Rio de Janeiro. O tema é tido como prioridade na agenda do grupo de países da América Latina e do Caribe.
Antes da abertura oficial da cúpula de alto nível em Santiago, Graziano lembrou que “a pobreza e a fome sofridas por um país afetam os seus vizinhos, uma vez que impedem o desenvolvimento da região como um todo”. Segundo ele, o enfrentamento desses males no mundo é um desafio que atravessa qualquer fronteira física “e deve ser tratada no mais alto nível. A América Latina e o Caribe têm entendido isso e foram a primeira região a assumir o desafio de erradicar a fome e diminuir a pobreza”, lembrou ao destacar a iniciativa América Latina e Caribe sem Fome, acordada pelos países da região em 2005.
Dados da FAO mostram que a região tornou-se referência na luta global contra a fome. De acordo com números apresentados pela organização, nos últimos 20 anos 16 milhões de pessoas deixaram de sofrer com a fome na região. O problema que afetava 65 milhões de pessoas entre 1990 e 1992, passou a atingir menos de 50 milhões de pessoas no período de 2010 a 2012. Atualmente, sete países da região já têm leis de segurança ou a soberania alimentar, enquanto dez economias vizinhas estudam o tema.
Além das políticas que garantem o acesso à alimentação, Graziano destacou que é preciso combater o desperdício de alimentos. Os órgãos das Nações Unidas vêm alertando para um cálculo de perdas que representa um terço do alimento produzido no mundo. O desperdício, segundo os especialistas, é registrado tanto no processo produtivo quanto na distribuição e no consumo desses alimentos.
*Colaborou Danilo Macedo
Edição: Graça Adjuto
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