Paulo Virgilio
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – A galerista Anna Maria Niemeyer, que morreu em junho do ano passado, aos 82 anos, teve como um dos principais projetos na vida consolidar o pai, o arquiteto Oscar Niemeyer, também como artista plástico. Ao longo dos 35 anos de existência de sua galeria de arte, no bairro da Gávea, zona sul do Rio, editou séries de serigrafias e expôs esculturas e desenhos não arquitetônicos do pai. Também desenvolveu e mostrou na galeria as peças de mobiliário desenhadas por Niemeyer, algumas delas em conjunto com ela, já que Anna Maria, antes de se tornar marchand, era arquiteta e designer de interiores.
Vinte trabalhos do artista plástico que Oscar Niemeyer, entre esculturas, desenhos, serigrafias e peças de mobiliário, ocupam duas salas da exposição Anna Maria Niemeyer, Um Caminho, que o Paço Imperial inaugura na próxima terça-feira (11), às 18h30. A mostra tem curadoria do próprio diretor do Paço, o arquiteto Lauro Cavalcanti, amigo e estudioso da obra de Niemeyer.
Os trabalhos reunidos na exposição em homenagem à galerista somam cerca de 300 itens, entre obras de quase 60 artistas plásticos, documentos e projeções. Em sua maior parte, as obras pertenceram à coleção pessoal de Anna Maria Niemeyer, mas há também peças que tiveram sua compra intermediada por ela e outras que foram cedidas pelos próprios artistas.
Referência na arte contemporânea brasileira, a Galeria Anna Maria Niemeyer organizou durante mais de três décadas 365 mostras de 240 artistas, mas por decisão da família, as atividades do espaço foram encerradas após a morte da galerista. Grande parte do acervo foi vendida para particulares em leilão ocorridos em outubro passado, o que faz da exposição a última oportunidade para apreciar a trajetória visual de Anna Maria.
“Todos cabiam no universo dela”, disse Lauro Cavalcanti sobre a pluralidade de linguagens que caracteriza a coleção da filha de Oscar Niemeyer. “O olhar de Anna Maria passou do universo da arte aplicada à arquitetura, quando abriu a galeria, para o território da contemporaneidade”.
Entre os artistas com obras na exposição estão Beatriz Milhazes, Carlos Scliar, Farnese de Andrade, Iole de Freitas, Jorge Guinle, Luiz Ernesto, Luiz Zerbini, Manfredo de Souzanetto, Mario Cravo, Mauricio Bentes, Monica Barki. Nelson Leirner, Quirino Campofiorito e Victor Arruda, além de Oscar Niemeyer.
Anna Maria Niemeyer, Um Caminho, com entrada franca, poderá ser visitada até 17 de fevereiro de 2013, de terça-feira a domingo, das 12h às 18h. O Paço Imperial, centro cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) fica na Praça XV, 48, no centro do Rio.
Edição: Aécio Amado
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