Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Trabalhadores rurais, representantes de comunidades indígenas e do setor privado devem concluir até amanhã (4), um diagnóstico detalhado sobre políticas agroambientais adotadas no país, com o auxílio de especialistas e técnicos do governo brasileiro. O grupo está reunido em Brasília e vai elaborar um documento apontando os resultados positivos e os gargalos das experiências brasileiras, criadas para garantir sustentabilidade às atividades agrícolas, como o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e o Bolsa Verde.
A avaliação dos setores sobre cada uma dessas políticas vai ser apresentada em março do ano que vem para autoridades de quatro países da América Latina e do Caribe. A proposta é que Chile, Colômbia, México e Nicarágua conheçam as medidas detalhadas neste setor que podem ser adaptadas e implementadas pelas outras economias. O Brasil também vai poder importar experiências de outros países.
A Nicarágua, por exemplo, que tem uma política nacional de produção agroecológica implementada está entre os focos de interesse do Brasil. Há poucas semanas, a presidenta Dilma Rousseff publicou um decreto definindo que até o início do ano que vem seja elaborado o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica. “Temos interesse em conhecer quais foram os gargalos e as dificuldades da Nicarágua quando adotaram a política”, disse Paulo Guilherme Francisco Cabral, secretário de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
O governo brasileiro também tem interesse na experiência chilena com florestas plantadas e nativas e sinalizou que pode contribuir com o México que enfrenta ameaças constantes à agricultura em função dos furacões que afetam a região constantemente.
Essa troca de experiências, com detalhamento das políticas implementadas por esses países, está prevista em acordo que o Brasil assinou com Organização das Nações Unidos para Agricultura e Alimentação (FAO), no final de junho deste ano, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). O projeto financiado pelo governo brasileiro teve início há dois meses, quando representantes das cinco economias da região sentaram à mesa, pela primeira vez, para definir quais seriam as propostas mais interessantes a serem compartilhadas.
“Se vamos apresentar algo, queremos validar isso com a sociedade para que o Brasil apresente experiências avaliadas. Todas as políticas em fase de implementação, têm pontos positivos e negativos e necessidades de ajustes. É importante que façamos isso da forma mais transparente possível”, disse Paulo Cabral.
A coordenadora regional do projeto pela FAO, Jessica Casaza, explicou que a proposta é que até o final de agosto, quando termina o prazo do projeto, os governos consigam identificar e mapear iniciativas que podem ser reproduzidas em outros países da América Latina e Caribe.
“O que queremos é instalar o tema em debate e com isso avançar no aprofundamento das políticas agroambientais. Os cinco países que participam do projeto estão interessados em avançar na temática e produzir de forma sustentável”, garantiu ela.
Edição: Denise Griesinger