Da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Os índios da Aldeia Maracanã, localizada no interior do antigo Museu do Índio, ao lado do Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã, acordaram assustados na madrugada de sábado com o barulho de máquinas que demoliam parte do muro do prédio. “Nós ouvimos as máquinas e quando observamos, eles já estavam derrubando o muro. Pensamos, eles estão vindo para cá, para a aldeia”, disse o professor de tupi e morador da aldeia José Guajajara.
A demolição de parte do muro e o corte de algumas árvores continuaram hoje (12), pela Secretaria Municipal de Obras, vão permitir a construção de uma passarela no local. De acordo com o fiscal da obra, Mauro Bonelli, apenas uma parte do terreno será usada para a obra. Sobre o corte de árvores, ele informou que houve autorização dos órgãos competentes.
O antigo Museu do Índio, que fica ao lado do Maracanã, é o pivô de uma briga na Justiça Federal entre os indígenas, que ocupam o prédio há seis anos, e o governo do estado, que comprou o imóvel recentemente. Dentro do terreno de mais de 14 mil metros quadrados de área existe ainda um prédio do Ministério da Agricultura, que abriga um laboratório de análises de sementes e bebidas.
Na última semana, uma audiência pública para discutir o destino da área acabou em tumulto. O secretário estadual da Casa Civil, Régis Fichtner, foi atacado pelos manifestantes com ovos e copos plásticos. O governo fluminense alega que a demolição do prédio é necessária para garantir a circulação dos torcedores durante a Copa do Mundo de 2014.
Segundo o defensor público federal André Ordacgy, que está acompanhando o caso na Justiça, a existência de duas liminares protegem o edifício e uma área de 3 mil metros quadrados onde estão os índios. “No momento as duas liminares são vigentes, apesar de existir dois recursos em andamento. O estado entrou com o pedido de suspensão de liminar na presidência do Tribunal Regional Federal da 2ª Região [TRF2], que ainda não foi julgado, e com um recurso de agravo de instrumento no TRF2, que também não foi julgado. Então, temos esses dois recursos que podem mudar esse panorama. É aguardar para ver”, disse.
Edição: Aécio Amado