Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Estudo divulgado hoje (5) indica que para pacientes diabéticos com artérias obstruídas a cirurgia para colocação de pontes (safena, mamária e radial) tende a ser uma opção melhor do que a angioplastia para implante de stent – tubo perfurado que facilita a circulação sanguínea local. Apesar de a angioplastia ser uma intervenção menos invasiva e agressiva, o acompanhamento de 1,9 mil pacientes comprovou que a longo prazo a opção cirúrgica apresenta melhores resultados.
A investigação desenvolvida ao longo de cinco anos apontou que a mortalidade entre os pacientes submetidos a angioplastia alcançou 16% – 5 pontos percentuais a mais do que a taxa de pacientes diabéticos que morreram após passar por cirurgia (11%). Além disso, a morte por motivos cardíacos para os submetidos à angioplastia chegou a 11%, contra 7% para os operados. A necessidade de novas intervenções também foi menor para os submetidos à cirurgia: 5% contra 13% para os que receberam o stent.
O trabalho contou com a participação de 140 centros cardiológicos de todo o mundo, entre eles, o Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. A pesquisa está sendo lançada no American Heart Association, um dos mais importantes congressos de cardiologia do mundo, que ocorre nos Estados Unidos, além de publicada na revista New England Journal of Medicine.
Para o cardiologista Whady Hueb, coordenador da pesquisa no InCor, o estudo ajuda a dissipar as dúvidas sobre o resultado dos procedimentos em diabéticos. Ele lembra que a doença altera a resposta dos pacientes aos tratamentos. A partir dos dados, o médico explica que a cirurgia protege mais o paciente da morte e do infarto, além de evitar mais uma nova intervenção.
A partir do estudo, o diretor de Cardiologia do InCor, Roberto Kalil, acredita que os médicos tenham mais elementos para recomendar a cirurgia no tratamento da obstrução de artérias em diabéticos. “A posição do médico vai ser mais contundente, com mais dados”, ressaltou em entrevista à Agência Brasil. “A cirurgia é mais traumática, mas a longo prazo é muito melhor”, completou.
Kalil ponderou, entretanto, que em casos menos complexos alguns pacientes diabéticos deverão continuar a optar pelo stent medicamentoso, por ser um procedimento menos invasivo. Essa tem sido, segundo o médico, a tendência geral para o tratamento de obstrução de artérias, em que o número de cirurgias diminuiu substancialmente nos últimos 15 anos.
Edição: Talita Cavalcante