Guilherme Jeronymo
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Uma equipe de orientadores está ensinando, em pleno centro do Rio, pessoas envididadas sobre a melhor forma de renegociar seus débitos, levando em conta inclusive os direitos do consumidor. As orientações, feitas das 8h às 18h no Largo da Carioca, são gratuitas e prosseguem até o próximo dia 10. Também está sendo distribuído material informativo com dicas e orientações sobre orçamento doméstico.
A estimativa é que sejam atendidas cerca de 50 mil pessoas pela campanha, que ocorre pelo terceiro ano. A proposta é mostrar como elas podem renegociar diversos tipos de dívidas, encaminhando-as diretamente às empresas que se integraram à campanha Acertando Suas Contas, promovida pelo Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDLRio) e pela Boa Vista Serviços, e relacionada com a campanha nacional de mesmo nome do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC).
O perfil do público esperado é de consumidores de baixa renda com mais de um tipo de dívida restritiva. “Nós estamos num momento de crescimento do crédito. O brasileiro não está acostumado. Estávamos acostumados a ver o valor da prestação e ver se cabe no nosso bolso. Aí você faz uma [compra a crédito] aqui, outra ali, e quando vai ver aquilo tomou todo o seu salário”, disse Caio Leite, gerente de Desenvolvimento de Novos Negócios do CDLRio.
O gerente informou que o fim da campanha não é somente a renegociação da dívida. “[Essa ação] é mais no sentido de orientar para que isso não se repita, para que você não tenha de fazer todo ano uma ação dessas”, explicou.
O serviço não permitirá a negociação no local, segundo os organizadores. “O consumidor faz a consulta, a gente orienta e ele é encaminahado para negociar diretamente com a empresa. Mas eles saem para negociar de maneira mais orientadas”, explicou Leite.
Segundo Leite, a iniciativa é bem aceita pelos parceiros, por apresentar algumas vantagens para as empresas, que, a depender do ativo com o qual operam, podem abrir mão de parte da dívida para recuperar um recurso que era dado como perdido, sem custos adicionais, inclusive os decorrentes da cobrança jurídica.
Um serviço de orientação para as finanças pessoais era o que buscava o manobrista Tiago Passos, que tem uma dívida bancária feita há três anos. “Queria sair com um acordo daqui, pagando o menos possível, porque, se for para pagar o que eu devo, não tem como”, contou.
Outro que queria entender as soluções possíveis para o endividamento pessoal era o mecânico de elevadores Tiago Lopes. “Meu nome está negativado, pois estou com uma dívida no cartão de crédito que já entrou no Serasa [banco de dados para consulta de crédito]. Vim para saber o que posso fazer, pois realmente saiu do controle”, explicou. Com dívida vencida desde agosto, Lopes só viu a situação piorar, graças ao efeito “bola de neve”. Agora quer limpar o nome, aproveitando a chegada do décimo terceiro salário.
“Além da consulta e da orientação, ainda distribuímos a cartilha com o objetivo de que haja uma sensibilização sobre a forma de lidar com as dívidas”, disse Eliane Otoni, gerente de Sustentabilidade da Boa Vista Serviços, empresa administradora de um banco de dados para consulta ao crédito.
É o tipo de atendimento que a aposentada Marlene Maria Correia busca. Dependente do benefício que recebe como ex-trabalhadora de indústria onde se utilizava amianto, disse que busca orientações para acertar uma pendência bancária. “O banco está cobrando muito alto, e esse cheque foi emprestado para terceiros. Quero entender mais como resolver. É uma coisa que incomoda. Falam que diminuíram os juros, mas a gente por enquanto não está sentindo”, queixou-se.
Edição: Davi Oliveira