Luciene Cruz
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) aponta que pessoas com gastos fixos elevados são mais propensos à inadimplência. O comprometimento da renda com o pagamento de aluguel, pensão alimentícia e financiamento de carro contribui para tornar os consumidores inadimplentes, segundo a pesquisa.
São consideradas inadimplentes pessoas com contas em atrasos há mais de 90 dias. O levantamento apontou que pessoas mais velhas e com estabilidade no emprego tendem a pagar as contas em dia. A pesquisa foi feita com 1.277 pessoas de todas as capitais brasileiras, no mês de outubro.O estudo foi encomendado pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL).
Segundo a economista da SPC Brasil/CNDL, Ana Paula Bastos, a falta de responsabilidade financeira é um fator determinante para a falta de planejamento do orçamento. “O inadimplente presta atenção se aquela parcela cabe no orçamento, mas não leva em consideração outras contas. Não está lembrando se tem contas parceladas no cartão, e as contas vão se acumulando. Não leva também em consideração a taxa de juros nos pagamentos parcelados”, disse.
O aluguel é um item com grande peso no orçamento familiar. A pesquisa mostra que o número de inadimplentes que moram em residências alugadas é 33%, três vezes maior do que os que possuem casa própria. A economista comentou que esse tipo de despesa consome um “percentual considerável” de toda a renda, o que faz com que sobre menos para o pagamento de outras contas.
Na avaliação da especialista, o atual momento econômico do país - com acesso mais fácil ao crédito, nível de renda melhor, salário maior e nenhum planejamento orçamentário - tem contribuído para o endividamento alto e o pagamento de contas em atrasos.
“Estamos em um cenário econômico com expansão de crédito. A classe que está emergindo, que está entrando no mercado de trabalho, entrando em universidades e, com isso, tendo acesso a bens que não teria, está mais inadimplente. Está tendo acesso a crédito que, antes, não tinha. Eles não têm educação financeira, não sabem planejar”, avaliou.
Edição: Davi Oliveira