Recém-emancipada, Paraíso das Águas se prepara para decidir seu próprio destino

07/10/2012 - 11h29

Alex Rodrigues
Enviado Especial da Agência Brasil

Paraíso das Águas (MS) - Às vésperas de elegerem o primeiro prefeito e os primeiros vereadores da cidade, os cerca de 5 mil moradores de Paraíso das Águas dizem estar esperançosos em resolver seus problemas mais rapidamente e, assim, garantir a todos um futuro melhor.  Decidir o próprio destino será uma decorrência da separação de fato do município da vizinha Costa Rica.

Paraíso das Águas é uma das cinco cidades brasileiras recém-emancipadas que realizarão, hoje (7), suas primeiras eleições municipais. Embora aprovada pelo governo estadual em 2003 e reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em dezembro de 2009, a autonomia política do município, na prática, só se concretizará com a composição dos poderes Executivo e Legislativo municipais.  Ou seja, embora considerado o 79º e mais novo município criado no estado, até que o prefeito, vice-prefeito e os nove vereadores sejam empossados, o destino da cidade continuará sendo decidido pela prefeitura e pela Câmara Municipal de Costa Rica, distante 60 quilômetros por estrada de terra.  

"Apesar de termos tido bons administradores, sofremos muito com isso [a distância do poder decisório]. Agora vamos poder acompanhar tudo de perto e cobrar. Vamos poder andar com as nossas próprias pernas, mesmo que os primeiros passos sejam difíceis. Se as pessoas eleitas tiverem compromisso, a cidade vai crescer muito e rápido", declarou a Agência Brasil a professora Márcia Teixeira dos Santos Vida. Após tantas décadas esperando para ver o antigo distrito elevado à condição de cidade, ela diz quase ter chorado durante os comícios dos dois candidatos que disputam a prefeitura.

"Fui aos comícios dos dois para conhecer suas propostas e incentivei outras pessoas a fazerem a mesma coisa. Nos dois eu fiquei emocionada pensando sobre termos nossa primeira eleição e um prefeito que vai poder fazer o que precisamos que seja feito sem depender da aprovação de outro lugar", comentou a professora.

Embora não seja obrigado, o aposentado Laurindo Andrade Sobrinho disse que vai votar porque esta é uma eleição cujo resultado, mais que em qualquer outra, interessa a todos que esperam que Paraíso das Águas se desenvolva. Segundo ele, o que estará em análise nos próximos quatro anos é toda a campanha passada pela emancipação da cidade.  

"Eu nasci e cresci aqui e quero o bem da cidade. Lógico que a gente sabe que não é como alguns falam, que emancipou, pronto, tá melhor. Eu digo que antes de dois anos nada vai melhorar porque é a mesma coisa de mudar para uma fazenda onde só tem mato. Primeiro tem que preparar o terreno. Agora, hoje, aqui falta tudo. A educação é fraca, a saúde também, o lugar é pequeno, não pega celular, falta emprego", ponderou o aposentado.

Pedreiro, João Carlos Petinelli se mudou do interior de São Paulo para Paraíso das Águas em 1970. Embora destaque que muita coisa mudou neste tempo, concorda que a emancipação pode acelerar as melhorias necessárias para estimular empresários de outros lugares a investirem na cidade.

"Muitas pessoas já prometeram abrir tecelagens, fábricas de calçados e outras empresas na cidade. Esperamos que isso aconteça: o município é novo e precisa de empregos. Além disso, precisamos melhorar a saúde, a educação e as estradas, que são muito ruins. Como distrito, distante da sede, nunca tivemos o mesmo tratamento que o restante [da cidade de Costa Rica]. Com a divisão da área que, antes, era enorme e a criação da nossa cidade, o próprio governo estadual já prometeu várias obras e equipamentos", comentou Petinelli.
 
Já para Esmeralda Justina da Silva, que há 40 anos vive na cidade e há dois decidiu abrir uma pousada na avenida principal, a eleição é um momento histórico.

"Todos os comícios, os candidatos, o resultado da eleição, tudo vai ficar para a história. A nossa expectativa é que, logo, os hospitais, a educação e as condições para os mais velhos comecem a melhorar. Mesmo que aos poucos".

A comerciante Valesca Muzek destacou a importância de os responsáveis por decidir o futuro da cidade estarem próximos à população. "Acredito que todos que vivem aqui esperam que as coisas comecem a melhorar, mesmo sabendo que, no início, vai ser difícil".


Edição: José Romildo