Alana Gandra*
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O coordenador do projeto da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP) na Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), Gonçalo Guimarães, disse que o programa em Moçambique ganhou características próprias a partir de parcerias com cooperativas populares que, no país, ganharam o nome de Microempresas Rurais Associativas (Meras).
As Meras destinam-se à construção de casas e à produção de materiais. Guimarães disse ainda que há projetos voltados para a construção de postos de saúde e escolas. Segundo ele, as Microempresas Rurais pretendem conquistar espaço entre as empresas de grande porte em licitações públicas e privadas em Moçambique.
“[É] uma forma de política pública capaz de responder às demandas das pequenas empresas. É o que, aqui no Brasil, a gente chamava de mutirões remunerados, ou seja, cooperativas populares”, definiu Guimarães.
O coordenador do ITCP acrescentou que com ações conjuntas, as cooperativas populares estão conseguindo ampliar suas atividades no interior de Moçambique, pois na capital, Maputo, a maior parte das obras ainda permanece sob controle das grandes empreiteiras. No total, são mais de 30 Meras atuando em território moçambicano.
A proposta é incentivar as microempresas para que avancem e consigam operar também em obras de grande porte, não apenas médias e pequenas. Empresas brasileiras, como a mineradora Vale e a construtora Odebrecht, analisam a possibilidade de contratar as cooperativas populares em obras no país. “[O esforço é para que se] consiga fortalecer, por um lado, por meio da tecnologia, e de outro, pelo mercado”, disse Guimarães.
Ele ressaltou o efeito multiplicador que essas ações surtirão. A sugestão é que as empresas brasileiras em Moçambique adotem uma versão de multinacional diferente, formalizando parcerias locais e incentivando uma atuação própria.
*Colaborou Renata Giraldi
Edição: Graça Adjuto