Fernando César Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Curitiba – Os trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) analisam hoje (21), em assembleias nos estados, uma contraproposta de acordo salarial que será protocolada na próxima segunda-feira (24), no Tribunal Superior do Trabalho (TST).
Formulada pelo comando nacional da categoria, a contraposta é baseada em sugestão feita na última quarta-feira (19), pela ministra Cristina Peduzzi, vice-presidente da TST, como antecipou a Agência Brasil.
Em audiência na sede do tribunal, a ministra propôs reajuste salarial de 5,2%, aumento linear de R$ 80, reajuste de 8,84% do vale alimentação e a manutenção das demais cláusulas sociais em vigor, além da compensação dos dias parados.
Até o início da tarde de hoje, 18 sindicatos haviam aprovado a contraproposta, entre eles os dois maiores, de São Paulo e do Rio de Janeiro. Apenas dois, o de Minas Gerais e do Amazonas, haviam rejeitado. Algumas assembleias ocorrem à tarde.
A nova proposta dos trabalhadores reproduz os mesmos itens sugeridos pela ministra, com a diferença de que a categoria reivindica a manutenção do plano de saúde sem nenhuma alteração e pede o abono dos dias parados.
"Insistimos na questão do plano de saúde porque a empresa tenta impor uma adequação às normas da ANS [Agência Nacional de Saúde Suplementar], mas o nosso plano está acima dessas normas. Uma adequação significaria um retrocesso, perderíamos direitos", explicou James Magalhães de Azevedo, secretário de Imprensa da Fentect, em entrevista à Agência Brasil. "No caso dos dias parados, defendemos a reposição até que a carga represada de cartas e encomendas durante a greve seja normalizada."
A empresa, que rejeitou a proposta da vice-presidenta do TST, oferece 5,2% de reajuste, o mesmo percentual para o vale-alimentação e nenhum outro aumento linear extra. "A proposta da ministra [Cristina Peduzzi] foi rejeitada devido à inviabilidade financeira: impacto de R$ 850 milhões ao ano na folha de pagamento da ECT", argumentam os Correios, em nota.
De acordo com a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect), a greve foi deflagrada por 26 dos 35 sindicatos da categoria no país. A própria empresa admite que a greve não atinge apenas seis estados: Acre, Amapá, Bahia, Maranhão, Mato Grosso do Sul e Rondônia.
Os Correios informaram que 10,4 mil funcionários haviam aderido à greve até ontem (20), o que corresponde a 9% do quadro total, de 120 mil trabalhadores. A aferição de presença é feita por meio de sistema eletrônico de ponto.
A Fentect discorda dos números e diz que a orientação aos sindicatos é manter o efetivo de 40% determinado pelo TST. "Se a adesão fosse de apenas 9%, a empresa não teria interrompido os serviços como o Sedex 10 em vários estados", disse à Agência Brasil o secretário de Assuntos Jurídicos da federação, Evandro Leonir da Silva.
Segundo a empresa, cerca de 76% da carga diária estão sendo entregues no prazo, o que equivale a 27 milhões de cartas e encomendas. Os 24% restantes podem ter atraso de até um dia. E, de acordo com os Correios, as agências continuam abertas.
Os serviços prestados com hora marcada, entre eles o Sedex 10, o Sedex Hoje e o Disque-Coleta, foram suspensos na Grande São Paulo, no Tocantins, no Distrito Federal, no Paraná, no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais. No Rio de Janeiro, houve a suspensão da entrega apenas do Sedex Hoje e do Disque-Coleta.
A relatora do dissídio coletivo no TST é a ministra Kátia Arruda, da Seção Especializada em Dissídios Coletivos. Procurada pela Agência Brasil, a assessoria de imprensa do TST confirmou a possibilidade de que uma reunião extraordinária seja convocada para que o julgamento da greve dos Correios ocorra na próxima semana.
Edição: Beto Coura e Lana Cristina