Da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Sete meses após a desativação do aterro sanitário de Itaoca, em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro, os quase 800 ex-catadores que atuavam no local ainda continuam desamparados e sem outra forma de renda. O governo do estado prometeu ontem (12), em audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, que o grupo será incluído em programas sociais.
Com as atividades encerradas desde fevereiro, os ex-trabalhadores do aterro passam hoje por dificuldades financeiras e buscam por melhores condições de moradia. A informação foi dada hoje (13) pelo líder da associação que reúne os ex-catadores de Itaoca, Adeir Balbino da Silva, de 34 anos, em entrevista à Agência Brasil.
De acordo com ele, com a perda do seu principal sustento e sem renda financeira, a maioria dos ex-catadores sobrevive à base de doações e tem dificuldades de se alimentar e comprar remédios."Eles [os ex-catadores] não são assistidos pelo estado ou pela Secretaria de Saúde. As pessoas não têm saneamento básico que é direito de qualquer cidadão. Hoje eu estou brigando pelo direito deles", afirmou o líder.
Adeir Balbino da Silva cobra ainda uma atenção maior do estado com relação ao aterro sanitário de Itaoca, assim como ocorreu com o de Gramacho, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Em Gramacho, os ex-catadores tiveram a criação de um pólo de reciclagem para empregá-los, além do pagamento de indenizações no valor de R$ 14 mil por catador e uma remuneração mensal que será paga ao longo de 15 anos.
A subsecretária estadual de Assistência Social e Descentralização da Gestão, Nelma de Azeredo, assegurou que os ex-catadores vão ser incluídos no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) e inscritos no Bolsa Família. Os benefícios foram prometidos ontem (12), em audiência com deputados das comissões de Saúde, Direitos Humanos e Defesa da Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Ainda segundo Nelma de Azeredo, o governo do estado, em parceria com secretarias do município de São Gonçalo, vai investir nas áreas de educação, saúde e trabalho para os ex-catadores. "Tem gente lá com problemas gravíssimos de saúde, como hanseníase e câncer. A [Secretaria de] Assistência Social, juntamente com a Saúde, o Trabalho e a Educação, vai trabalhar um plano de ação emergencial para suprir as necessidades dessas famílias de maneira imediata", destacou.
A prefeitura de São Gonçalo informou que um curso de capacitação em reciclagem de lixo está sendo oferecido aos ex-catadores. De acordo com nota, cerca de 50 alunos já se formaram e outra turma será iniciada daqui a 15 dias. "Uma parceria com a empresa fornecedora de energia elétrica está sendo implantada e os clientes poderão levar seu lixo nos postos de coleta para serem reciclados, em troca de bonificação a esses consumidores", segundo o comunicado.
Edição: Davi Oliveira