Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, pediu hoje (10) que o Conselho de Direitos Humanos defina como “crimes de guerra” os episódios de mortes de civis na Síria. Ban Ki-moon disse que tanto a oposição como o governo do presidente sírio, Bashar Al Assad, cometeram crimes e devem responder por isso na Justiça. Organizações não governamentais (ONGs) estimam que mais de 25 mil pessoas morreram desde março de 2011.
“Nós devemos garantir que todas as pessoas, dos dois lados, que cometeram crimes de guerra, crimes contra a humanidade e violações internacionais dos direitos humanos ou do direito humanitário sejam levadas à Justiça”, disse o secretário-geral, na presença dos 47 integrantes do conselho, em Genebra, na Suíça.
“[Estou] profundamente perturbado com os bombardeios aéreos contra civis feitos pelas forças do governo [sírio] e também pelo aumento das tensões e a deterioração da situação humanitária.” Segundo ele, oposição e governo escolheram a “força” como método no lugar do “diálogo”.
No último relatório, publicado em 15 de agosto, a comissão de investigação internacional enviada pela ONU à Síria denunciou os “crimes de guerra” no país, acusando o governo Assad e as Forças Armadas. A comissão revelou também a preparação de uma lista
confidencial de responsáveis, sendo esta a primeira etapa para eventuais processos internacionais.
Até quarta-feira, o Conselho de Direitos Humanos da ONU examina o relatório. No dia 17, é esperado o anúncio de uma decisão. A missão é chefiada pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro.
O mandato da comissão acaba nesta sessão do conselho, mas os integrantes do órgão vão discutir nos próximos dias uma resolução sobre a Síria que poderia prolongar as atividades dos especialistas.
Por seu lado, a alta-comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, denunciou hoje os crimes de guerra e os crimes contra a humanidade na Síria, e pediu “uma investigação imediata” sobre o massacre de Daraya, onde mais de 500 corpos foram descobertos.
“Eu estou profundamente chocada com os relatórios sobre o massacre de Daraya e peço uma investigação imediata e aprofundada sobre este incidente e peço ao governo [sírio] que assegure o acesso completo sem entraves à comissão de investigação independente da ONU”, disse Pillay.
*Com informações da agência pública de notícias de Portugal, Lusa // Edição: Lílian Beraldo