Carolina Sarres
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O empregador também é responsável pela rotatividade de mão de obra no mercado de trabalho quando não adota políticas de retenção do empregado. Fatores como ambiente dentro da empresa, relacionamento com os colegas de trabalho, benefícios oferecidos pelo empregador ao funcionário e à família são determinantes no momento de se decidir trocar ou não de emprego.
“É preciso que se faça constantemente pesquisas dentro de uma empresa para saber se os funcionários estão satisfeitos. O trabalho é uma via de mão dupla. A empresa tem que escolher o funcionário e vice-versa. Quanto mais as regras estiverem claras nesse meio campo, maiores são as chances de ter retenção mais efetiva de mão de obra”, informou a especialista em recursos humanos, Rita Brum, diretora da Rhaiz Soluções em Recursos Humanos.
O setor público é o que menos demite trabalhadores, segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A taxa de rotatividade de empregos na administração pública, em autarquias e em empresas de prestação de serviços públicos é a mais baixa, entre 10,6% e 12,2%; contra 86,2% na construção civil, seguida pela agricultura (74,4) e pelo comércio (41,6).
No entanto, há trabalhadores na iniciativa privada e em setores com altos índices de rotatividade que mantêm seus empregos há muitos anos. Esse é o caso de Samuel Carvalho, 48 anos, garçom no mesmo restaurante desde os 20 anos. Depois de 28 anos de casa, ele diz que o relacionamento com o patrão é importante para que ele não queira deixar a empresa.
“Atendo cerca de cem clientes por dia, tenho muito respeito tanto por eles quanto pelo meu patrão, por quem, hoje, tenho muita amizade e consideração. Para conseguir ficar aqui todos esses anos, é preciso muita honestidade e também não dar motivos de se reclamar”, explicou.
O colega de Samuel, Antônio de Araújo, 50 anos, também é funcionário do mesmo restaurante há 20 anos. Para ele, não há prejuízo em manter o emprego por tanto tempo. “Estar aqui há tantos anos dá força tanto para nós quanto para o patrão. Muitos clientes já são amigos e vêm porque estão acostumados. Só penso em sair daqui quando me aposentar”, explicou Araújo.
Segundo o patrão dos garçons, Rubem Lucena, a necessidade de constante atendimento ao público faz que o tempo de casa dos funcionários seja benéfico. “Eles já têm os clientes próprios e, como trabalham sobre comissão e gorjeta, isso é importante para o salário final”, informou Lucena.
De acordo com a consultora Rita Brum, as empresas têm tido cada vez mais consciência da necessidade de deixar claro que há preocupação com o funcionário. “O empregador precisa criar uma relação de fidelização e aplicar ferramentas que mantenham a pessoa no cargo. Há quem troque de emprego por causa de R$ 100, mas se há um clima adequado e agradável, se pensa melhor e se vê que o que conta não é só o salário”, explicou.
Edição: Davi Oliveira
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