Emerson Penha
Correspondente da EBC na África
Maputo (Moçambique) – Ninguém sabe com certeza como começou o ritual do Umhalanga, na Suazilândia, mas o fato é que a cerimônia é feita há centenas de anos e veio da cultura zulu. Neste ano, 80 mil meninas e adolescentes participaram da cerimônia de introdução social.
Seguindo a tradição, elas dançam seminuas, ornadas com contas e flores, levando, em uma espécie de procissão, um tipo de caniço das matas do montanhoso país – daí o nome, pois Umhalanga quer dizer "da cana".
O nome é uma homenagem à rainha-mãe da Suazilândia e uma celebração à virgindade das moças, que, depois da festa, são consideradas aptas a se casar. A preparação leva dias e o ritual, horas seguidas. Apesar da festa ser para a mãe, o filho – o rei Mswati III – pode escolher ali uma nova esposa. Ele já tem nove mulheres, além de três noivas. O número é pequeno comparado ao do pai, Sobhuza II, que, entre esposas e noivas, teve 120 mulheres.
A Suazilândia, país menor que o estado brasileiro de Sergipe, ficou independente da Inglaterra em 1968 e tem cerca de 1,3 milhão de habitantes. A aids é o problema mais iminente entre a população. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), um em cada três suazis é soropositivo.
É uma monarquia governada pelo rei com mão de ferro. Organizações de direitos humanos denunciam banimentos, prisões e até execuções de opositores e críticos à Casa Real. Recentemente, manifestações pedindo eleições e liberdade de imprensa foram reprimidas com violência pela polícia.
O país vive grave crise em sua frágil economia, baseada praticamente na exportação de cana-de-açúcar. A taxa de desemprego é alta, cerca de 40%, e o reino tem dificuldade em arrecadar e aplicar impostos. De acordo com o Banco Mundial, 70% da população vivem abaixo da linha de pobreza – têm renda menor que US$ 1 por dia.
Para muitos, a Suazilândia está condenada a ser um dia engolida pela África do Sul, país que circunda seu território (com exceção de um pequeno trecho de fronteira com Moçambique). O país depende dos sul-africanos para 90% de seu comércio internacional e para qualquer outro tipo de relação com o mundo exterior, como acesso à internet ou a aeroportos internacionais.
Edição: Lana Cristina