Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa), com apoio do Itamaraty, promovem seminário sobre demografia e censo no Rio de Janeiro, de hoje (28) até sexta-feira (31), com o objetivo de apresentar as metodologias utilizadas pelo Brasil e transferir conhecimento na área. O encontro reúne representantes de institutos de pesquisa e estatísticas de diferentes países. Alguns participantes já apontavam metodologias e conceitos que pretendem incluir na elaboração das pesquisas censitárias demográficas em seus países.
De acordo com o ministro de Planejamento Nacional e Desenvolvimento da Somalilândia (região da Somália que se autoproclamou independente em 1991), Osman Warsama, as informações do encontro serão fundamentais para a elaboração do primeiro censo populacional. “Essa experiência está sendo muito boa, pois levaremos para casa e teremos algum tempo para colocá-las em prática”, disse o ministro.
O representante do Instituto Nacional de Estatística de Moçambique, António Adriano, disse que já no primeiro dia de apresentações identificou vários aspectos que devem ser incluídos no quarto recenseamento do país, previsto para 2017. “As fases exploratórias para a definição do questionário certamente são passos importantes que tentaremos implementar no próximo censo”.
A coordenadora operacional dos Censos do IBGE, Maria Vilma Salles Garcia, disse que a maioria dos participantes do seminário faz censos, mas muitos não têm metodologia consolidada e não mantêm regularidade nas pesquisas. Segundo ela, o Brasil tem muito a contribuir com os demais países.
Para o representante no Brasil do Unfpa, Harold Robinson, o censo do IBGE está na vanguarda da aplicação das metodologias e tecnologias que podem revolucionar as pesquisas censitárias de outras nações.
“O censo brasileiro tem muita legitimidade, pois o país é muito complexo. Além disso, o IBGE é uma referência mundial, tem uma tradição de compartilhar conhecimento com países em desenvolvimento há muitos anos”.
A coordenadora do IBGE ressaltou que o Brasil já fez alguns acordos de cooperação técnica que incluíram transferência de tecnologia e mesmo empréstimo de equipamentos.
“Vamos emprestar ao Senegal mais de 20 mil PDAs [computadores de mão] e devemos dar apoio na parte tecnológica e metodológica”. “Também demos um grande apoio para Cabo Verde, mandamos uma equipe para ajudar na coleta de dados, no preparo da logística. E mais recentemente em São Tomé e Príncipe, com a construção de um mapeamento totalmente digital, pois eles só tinham uma carta de 1950, até a feição do questionário, coleta de dados, empréstimo de equipamentos”.
Após quase 40 anos sem fazer o censo, devido principalmente à guerra civil que assolou o país, Angola também terá apoio técnico do IBGE para a pesquisa populacional prevista para 2013.
Edição: Rivadavia Severo