Mariana Branco
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Faltando dez dias para 31 de agosto, prazo final para envio do Orçamento ao Congresso Nacional com a previsão dos gastos com a folha de pagamento em 2013, a situação das greves no funcionalismo público continua indefinida. Desde o início de março, quando começou a campanha salarial desde ano, já foram realizadas mais de 180 reuniões entre governo e servidores.
A informação é da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) e foi confirmada pelo Ministério do Planejamento. Apesar dos muitos encontros e do tempo apertado, ainda não há perspectiva de um acordo e do fim das paralisações.
O diálogo entre o governo federal e as representações sindicais dos servidores se intensificou nos últimos dias. Entre 14 e 17 de de agosto, o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, participou de cerca de 20 reuniões com lideranças grevistas ou com categorias que ameaçam cruzar os braços.
Para esta semana, estão agendados mais 23 encontros. As negociações têm começado pouco após as 10h e se estendido até a noite e mesmo durante os sábados. No dia 18 ocorreram três reuniões e para o dia 24 estão marcados mais encontros.
Os servidores públicos alegam que a dificuldade em chegar a um acordo está relacionada ao fato de o governo estar se empenhando nas negociações somente agora, em data próxima do prazo para envio do orçamento.
"As propostas surgem já na reta final e vêm nessa forma padronizada de aumento de 15,8% parcelado em três anos", queixa-se Sérgio Ronaldo da Silva, diretor do Condsef, referindo-se à oferta de reajuste apresentada a maior parte das categorias até o momento.
Segundo Silva, o Condsef está levando a proposição às suas bases para consulta - a entidade representa 850 mil servidores de diversos ministérios, fundações e autarquias, em um universo aproximado de 980 mil trabalhadores, entre aposentados e na ativa.
No sábado, uma plenária geral será realizada em Brasília para que cada setor do funcionalismo dê seu parecer sobre a proposta governamental. Silva reclama do prazo curto para decidir. "Estão colocando a faca no pescoço do servidor", diz.
O diretor acredita que a adesão maciça à mobilização, com paralisação de mais de 30 categorias, foi o fator que pressionou o governo a abrir a mesa de negociação. Silva questiona o número divulgado pelo governo, segundo o qual o reajuste linear de 22,08% pleiteado pelas categorias implicaria em aumento de R$ 92 bilhões nos gastos previstos para 2013. "O número real é um terço disso, em torno de R$ 35 bilhões", acredita.
Procurada pela reportagem, a assessoria de comunicação do Ministério do Planejamento disse que o diálogo com os servidores está "superintensificadas" e que até o final desta semana a situação deve estar mais definida. De acordo com a assessoria, o momento é prematuro para fazer qualquer avaliação sobre o andamento das negociações.
Edição: Fábio Massalli