Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Os haitianos que estão acampados em Iñapari, na fronteira do Peru com o Brasil, estão passando por sérias dificuldades, inclusive fome. Segundo o senador Jorge Viana (PT-AC), eles foram vítimas do tráfico de pessoas para o Brasil e que foram deixados pelo caminho.
O senador defendeu hoje (14) que autoridades brasileiras ajudem a mediar uma solução com o governo peruano para dar assistência humanitária aos haitianos. “É muito importante que haja uma conversa das autoridades, do Ministério de Relações Exteriores, com o governo peruano para que eles possam dar um acolhimento para esses haitianos que estão lá, para que eles possam dar uma solução”, disse.
A hipótese de o governo brasileiro abrir as fronteiras para que eles entrem no Brasil, no entanto, não foi defendida por Jorge Viana, que é irmão do governador do Acre, Tião Viana. Segundo ele, o Brasil teve um comportamento exemplar com os imigrantes que bateram à sua porta, mas agora o problema precisa ser resolvido em território peruano.
“O Brasil já criou um mecanismo em que todos os haitianos que estavam aqui foram acolhidos. O governado do Acre gastou quase R$ 2 milhões no programa. O governador Tião Viana fez uma ação sem precedentes porque normalmente chama-se a [Organização das Nações Unidas] ONU para fazer ação humanitária. E o governo brasileiro criou uma política de acolher 100 haitianos por mês na embaixada. Agora tem um problema no Peru e nós não podemos [resolver]”, declarou o senador.
A grave situação dos haitianos acampados em Iñapari preocupa o governo do Acre. O secretário de Justiça, Nilson Mourão, disse hoje à Agência Brasil que o estado irá denunciar o Peru à Organização dos Estados Americanos (OEA) por não cumprir tratados nos quais se compromete a dar assistência humanitária aos imigrantes que entram em seu território.
Segundo Mourão, a representação tem o objetivo de alertar para o descumprimento de obrigações básicas com os imigrantes, como o fornecimento de alimentação. A situação dos 105 haitianos, acampados há quase quatro meses na cidade peruana, chegou “a um ponto crítico, inclusive com gente literalmente morrendo de fome”, disse. Quatro deles, de acordo com o secretário, deram entrada em um hospital da cidade de Assis Brasil, no Acre, em coma por desnutrição. A Embaixada do Brasil em Lima está em contato com o governo peruano para tratar do assunto.
Edição: Aécio Amado