Débora Zampier
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O ex-deputado federal Romeu Queiroz (PTB-MG) não participou do esquema do mensalão e a verba que recebeu do PT era lícita, destinada ao financiamento de campanhas municipais em 2004. Essa foi a principal linha de defesa adotada hoje (13) pelo advogado de Queiroz, Ronaldo Dias, durante julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF).
Queiroz responde pelos crimes de corrupção passiva e quatro vezes pelo crime de lavagem de dinheiro. Segundo denúncia do Ministério Público, o político articulou repasse de mesadas entre o PT e o PTB, por meio das agências de Marcos Valério, em troca de apoio político nas votações importantes para o governo no Congresso Nacional.
Dias disse que o cliente dele recebeu os valores como dirigente do PTB em Minas Gerais, interessado no sucesso das campanhas municipais de 2004, e não como parlamentar por suborno. Ele também negou que Romeu Queiroz soubesse da origem ilícita do dinheiro. “No mínimo tinha aparência de uma origem sadia. Alguém já disse aqui que o PT não era conhecido como o PT de hoje, não pairava dúvidas”.
O Ministério Público argumentou que o parlamentar mandou um assessor do PTB-MG sacar dinheiro do PT no Banco Rural e no Banco do Brasil para entregar ao diretório nacional do PTB em Brasília. A sequência de saques – um de R$ 50 mil e dois de R$ 100 mil - foi confirmada pelo advogado. “Ninguém nega esse fato, foi descrito com muita fidelidade pelo procurador-geral da República. Nossa discordância é sobre a conclusão que o senhor chegou”, disse Dias, dirigindo-se ao procurador Roberto Gurgel.
O quarto saque apontado pelo Ministério Público, segundo o advogado, não tem origem no PT, e sim na empresa Usiminas. Dias informou que a empresa doou R$ 150 mil ao PTB para as campanhas de 2004, e que o repasse foi intermediado pela agência SMP&B para que outros políticos não assediassem os dirigentes da usina para pedir dinheiro.
O defensor disse que viu “um pouco de maldade” quando o Ministério Público acusou Queiroz de usar o dinheiro em benefício próprio. “O dinheiro sequer chegou ao diretório do PTB de Minas Gerais presidido por Queiroz. Da própria agência bancária, foram transferidos. Aqui, se houve mensalão, é inverso, porque [Romeu Queiroz] teve que desembolsar R$ 200 de taxa bancária”.
Segundo o advogado, Queiroz sempre votou seguindo a orientação de seu partido por fidelidade e não por ter recebido dinheiro do mensalão. Ele ainda disse que o PTB não precisava participar do mensalão porque já tinha sua fatia de poder no Ministério do Turismo, gerido pelo petebista Walfrido dos Mares Guia.
Dias ainda apontou discrepância entre o suposto valor do mensalão recebido pelo PTB, cerca de R$ 4 milhões, e a quantia intermediada por Queiroz, “que não chega a 10% disso”.
O texto foi atualizado às 19h55
Edição: Rivadavia Severo