Daniella Jinkings
Repórter da Agência Brasil
Belém – Uma questão política no município de Ipixuna do Pará está prejudicando as atividades de uma das 19 equipes do Projeto Rondon. A dois meses das eleições municipais, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) cassou, no último dia 10, o mandato do prefeito Evaldo Cunha (PT) por abuso de poder econômico e compra de votos. Com isso, assumiu o segundo colocado nas eleições de 2008, José Orlando Freire (PSDB).
Os rondonistas chegaram a Ipixuna no início da semana e já enfrentaram problemas como a falta de água, de energia e comida. De acordo com a professora que coordena a equipe da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Tatiana Carneiro de Resende, 37 anos, não houve preparação por parte da prefeitura para receber os estudantes. “O prefeito que foi cassado não estava com tempo para nos receber. Acho que a cabeça dele estava mais voltada para resolver os problemas políticos”.
Na terça-feira (10), manifestantes bloquearam a rodovia BR-010, a Belém-Brasília, por algumas horas com pneus queimados. Segundo Tatiana, a tensão entre os rondonistas nesse dia foi muito grande, pois eles viram as manifestações, mas não entendiam o que estava ocorrendo. “Começamos a ser abordados na rua, perguntaram se éramos do partido político que entrou no lugar do prefeito cassado, porque usamos camisetas amarelas”.
A professora acredita que a questão política é muito forte na vida da população do município. “A gente vê que as pessoas estão muito mais ligadas a isso [política] do que à qualidade de vida. Há uma rixa muito grande e eles lutam por isso, em vez de lutar por melhoria na condição social, nos estudos”.
Para o estudante de enfermagem da UFU Paulo José Barbosa de Freitas, 20 anos, algumas atividades não puderam ser realizadas porque o local onde as oficinas ocorreriam estava trancado devido à briga política. “A gente veio preparado para enfrentar a falta de estrutura e as carências da população, mas é um jogo político. A gente não imaginou que seria assim. Está bem complicado”.
A cidade de Ipixuna do Pará fica a cerca de 250 quilômetros da capital Belém. De acordo com Paulo Freitas, o município carece de um hospital público, de um bom sistema educacional e de uma defensoria pública permanente. Além disso, o escoamento de esgoto é precário. No entanto, mesmo com os problemas, a população acolheu bem os rondonistas. “O povo acolhe a gente bem, mas a divulgação não foi bem feita”, disse o estudante.
Edição: Graça Adjuto