Carolina Sarres
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O excesso de velocidade e o consumo de álcool são os principais causadores de acidentes de trânsito, que podem trazer consequências graves para as crianças, se não forem usados capacetes, cinto de segurança e sistemas de retenção infantil (cadeirinhas e assentos de elevação), disse hoje (26) o diretor do Instituto de Segurança Viária da Fundación Mutualidad de la Agrupación de Proprietarios de Fincas Rústicas de España (Mapfre), Julio Laria del Vas, no seminário Segurança da Criança nos Veículos: Dispositivos Infantis de Retenção Veicular no Brasil. “Se um país conseguir controlar esses fatores, será um país com menos acidentes de trânsito”, afirmou del Vas.
O diretor do instituto da Mapfre é autor da pesquisa Cadeirinhas de Segurança para Crianças: Situação na América Latina e Caribe, por meio da qual concluiu que grande parte dos acidentes com crianças ocorre em trajetos curtos, como da escola para casa e da casa para a escola. Na Espanha, por exemplo, 40% dos acidentes ocorrem em tais percursos.
Durante o seminário, no Ministério das Cidades, foi feita uma simulação de acidente a 20 quilômetros por hora, com uma criança que não estava na cadeirinha de segurança. Na simulação, se houvesse um acidente, a criança seria lançada para fora do automóvel.
De acordo com a coordenadora nacional da organização não governamental (ONG) Criança Segura, Alessandra Françoia, crianças entre 10 e 14 anos são as mais vulneráveis a acidentes. É nessa idade que a cadeirinha não serve mais, e as crianças não usam o cinto.
"Tivemos aumento grande de adeptos [do uso da cadeira] depois de campanhas. É possível ver na rua. Agora, é importante que haja essa obrigatoriedade em táxis, veículos de aluguel e de transporte escolar." De acordo com Alessandra, em alguns estados, a prática já é adotada, mas é preciso estendê-la para todo o país.
A Resolução 277/2008 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), em complementação ao Código Brasileiro de Trânsito (CBT), determina que menores de 10 anos usem, obrigatoriamente, dispositivos de retenção, sob pena de o motorista levar multa gravíssima, com retenção do veículo até que a irregularidade seja sanada.
“Ela reclama e diz que vai presa, que não pode se deitar ou se mexer", diz Paula Farias, ao afivelar o cinto na cadeira em que transporta sua filha, Maria Fernanda, de 5 anos. "O assento não é tão confortável quanto o do bebê conforto. Mas, se é comprovado que é mais seguro, por que não usar?.”
Segundo a resolução, crianças de até 1 ano devem usar bebê conforto, de 1 a 4 anos, cadeirinhas, de 4 a 7 anos, assento de elevação, e de 7 a 10 anos, cinto de segurança no assento traseiro.
Em 2010, segundo o Ministério das Cidades, cerca de 3,6 mil crianças foram internadas devido a acidentes de trânsito, dos quais 685 levaram à morte. Dados do ministério mostram que houve redução de aproximadamente 40% de acidentes com crianças de até 7 anos por causa da obrigatoriedade das cadeirinhas. Esses equipamentos podem reduzir em 71% o risco de morte e em 69% o de hospitalização.
“Atitudes como essas não são infrações de trânsito, e sim, atos de homicídio”, disse o diretor de Policiamento e Fiscalização do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), Nelson de Freitas, ao mostrar um vídeo em que uma criança é lançada para fora do carro por falta do uso da cadeirinha e do cinto de segurança.
Edição: Nádia Franco//Matéria alterada às 18h14 para esclarecimento de informação