Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Vestindo saias curtas e longas, tops, camisetas e sutiãs, dezenas de mulheres fizeram hoje (22) uma reedição da Marcha das Vadias, na Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo. O protesto é contra a abordagem da imprensa da Marcha das Mulheres, que ocorreu na última terça-feira (18), e foi classificada como sexista pelas feministas.
Segurando cartazes com os dizeres “Mulher bonita é mulher que luta” e “Fico nua para protestar, não para você gozar”, as mulheres marcharam entre o Museu de Arte Moderna (MAM) e o Monumento dos Pracinhas. Elas aproveitaram para criticar justificativas dadas para atos de violência de gênero, como o uso, pelas mulheres, de roupas curtas ou decotadas.
Uma das organizadoras da manifestação, a jornalista Jandira Queiroz disse que setores da imprensa se aproveitaram de um ato político das mulheres, de mostrar os seios, para vender produtos – estratégia de propaganda que é condenada pelas feministas. Ela também avalia que os jornais “estabeleceram com critérios próprios a imagem de uma musa que não existe”.
“Usaram de novo o corpo da mulher desnudo para vender um produto, neste caso, um jornal. Construíram uma musa, que é uma coisa que não existe no movimento feminista, que trabalha na base da horizontalidade, da igualdade. Tirar a blusa é um ato político para mostrar que o nosso corpo nos pertence e a gente faz o que quer. Não é pornografia”, declarou.
Outra organizadora que preferiu não se identificar também criticou a cobertura da imprensa na manifestação passada. Para ela, a mídia utilizou “uma expressão símbolo da liberdade, de empoderamento”, contra as próprias mulheres, sem mencionar as reivindicações do protesto. “Nos coisificaram mais uma vez para vender um produto”, analisou.
De acordo com o movimento, a marcha de terça-feira foi um protesto em defesa da igualdade entre os gêneros, em defesa da autonomia da mulher sobre o próprio corpo. “Temos consciência que o machismo é um fenômeno sistêmico, inclusive na imprensa. Mas nós não somos objeto”, acrescentou a estudante de Brasília, Indira Barros, que também pede o “amor livre”.
Jandira Queiroz ainda explica que a Marcha das Vadias surgiu para questionar o conceito de “vadia”, que é usado para “diminuir e humilhar”, justificando a violência. “A culpa da violência é de quem violenta. Nunca de uma roupa curta, um decote”, concluiu.
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Edição: Lana Cristina