Carolina Gonçalves e Renata Giraldi
Enviadas especiais da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Os negociadores dos mais de 190 países na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), avaliaram que as economias progrediram de forma desigual nos últimos vinte anos. O reconhecimento está explícito no texto preliminar a ser analisado por chefes de Estado e de Governo, nos próximos dias 20 a 22, e ressalta, principalmente, as medidas sustentáveis e as voltadas para a erradicação da pobreza.
O texto preliminar do documento final, obtido pela Agência Brasil, foi fechado ontem (16) à noite. Nele, há seis capítulos distribuídos em 50 páginas. Inicialmente, o texto tinha 80 páginas, mas foram retiradas as propostas (chamadas de colchetes) mais controvertidas e mantidas as recomendações gerais.
O secretário-geral da Rio92, que ocorreu há duas décadas, Maurice Strong, alertou sobre o risco de a Rio+20 acabar com promessas vazias e em meio a conclusões de que as lacunas permanecem.“Há vinte anos a conferência foi um sucesso, no sentido do que conseguimos acordar [despertar para os temas sobre sustentabilidade]. Foi mais do que qualquer um de nós poderia esperar”, disse.
Segundo ele, os avanços obtidos nesse período foram importantes. “Nós tivemos muitos bons exemplos de ações adotadas em alguns países, mas as condições têm se deteriorado. Alguns países continuam a negar a importância [do que foi acordado].”
Na versão preliminar do documento da Rio+20, os negociadores se comprometem a reforçar ações para implementar esses compromissos anteriores. “Reconhecemos a necessidade de acelerar o progresso no preenchimento das lacunas de desenvolvimento entre países desenvolvidos e em desenvolvimento”, destaca o texto, ressaltando, ainda, que é preciso criar condições para o desenvolvimento sustentável, com crescimento econômico e proteção ambiental e social.
Apesar de não apresentar um detalhamento dessas ações, os negociadores defendem, consensualmente, que os países em desenvolvimento tenham uma participação mais ativa na tomada de decisões globais.
Pelo documento, esse “aumento da voz” dos mais pobres seria conquistado com uma cooperação entre os países “particularmente nas áreas de finanças, comércio, dívida e transferência de tecnologia, inovação e empreendedorismo, capacitação, transparência e responsabilidade”.
Edição: Andréa Quintiere
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