Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Vinte e seis alunos do campus da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) de Guarulhos, na Grande São Paulo, estão detidos desde ontem (14) à noite, na sede da Superintendência da Polícia Federal, na zona oeste da cidade. Eles foram levados para a carceragem depois de confronto com a Polícia Militar (PM) e passaram a manhã de hoje prestando depoimento.
O incidente aconteceu depois que policiais foram acionados para conter manifestação que ocorria paralelamente a uma reunião de negociação entre a reitoria e os estudantes, segundo a Unifesp. Houve reação e, no meio da confusão, alguns alunos foram atingidos por balas de borracha e bombas de efeito moral, segundo declarou hoje (15) à Agência Brasil Pedro Camilo, do movimento estudantil.
Pedro Camilo atribuiu à intervenção policial os estragos ao patrimônio da universidade, tachando-a de “autoritária e repressiva”, e informou que os advogados dos estudantes vão entrar com um pedido de habeas corpus pedindo a soltura dos alunos. Por volta das 12h20, no momento da entrevista, um pequeno grupo de colegas dos presos promovia um ato em frente ao prédio da Superintendência da Polícia Federal.
Por meio de nota, a PM justificou que foi acionada “a fim de garantir a segurança de professores, que foram encurralados no prédio da faculdade por alunos que se manifestavam contra supostos problemas de infraestrutura da instituição”.
Ainda de acordo com a nota, dos 26 detidos, 22 foram autuados por dano qualificado e formação de quadrilha, 13 deles por constrangimento ilegal e três por pichações. Os autuados deverão ser encaminhados ao Centro de Detenção Provisória de Pinheiros, na zona oeste da cidade.
A PM queixou-se de que, quando os policiais chegaram ao local invadido, foram recebidos com agressividade. “Os alunos arremessaram pedras e pedaços de madeira contra a equipe, tentando impedir o acesso a um dos prédios onde estavam os professores”.
Também por meio de nota, a Reitoria da Unifesp acusou os alunos de cometerem excesso, com depredações e gritos de ocupação. Vidros, móveis e computadores foram danificados, segundo o comunicado.
“A reitoria esclarece que a instituição está procurando, de todas as formas, solucionar os problemas e recolocar o Campus Guarulhos em situação de normalidade. Entretanto, a invasão do campus, com depredação do patrimônio público e constrangimento ilegal, não é forma de manifestação ou reivindicação. Trata-se de conduta absolutamente contrária ao Estado Democrático de Direito”, diz o comunicado.
Segundo a Unifesp, está marcada uma audiência pública para tratar das reivindicações de alunos e docentes, no próximo dia 20. Além disso, conforme a instituição de ensino, no último dia 6, os alunos que ocupavam a sala da reitoria deixaram o local, pacificamente, em cumprimento à determinação judicial de reintegração de posse.
No entanto, ontem (14) por volta das 18h, continuou o comunicado, um grupo de alunos foi para frente da sala da Diretoria Acadêmica e começou a insultar o diretor acadêmico. Logo em seguida, os estudantes entraram no prédio e iniciaram os atos de vandalismos, segundo acusa a reitoria.
Esse não foi o primeiro incidente envolvendo policiais e estudantes da Unifesp, que reivindicam a construção do prédio central e de moradia para estudantes, além de garantia de diversidade, alimentação e transporte de qualidade. No episódio da desocupação, no dia 6, 41 alunos foram presos pela PM e levados para a sede da Polícia Federal no bairro da Lapa, em São Paulo.
Edição: Davi Oliveira