Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O governo brasileiro vai defender a criação de um novo índice para medir o desenvolvimento no mundo durante a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). Segundo Karen Suassuna, diretora de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente, as métricas utilizadas hoje, como o Produto Interno Bruto (PIB) e o Índice de Desenvolvimento Social (IDH), não traduzem mais a realidade dos países.
“Hoje dimensionamos crescimento sem medir a questão sustentável. Queremos, ao longo dos anos, desenvolver indicadores que tenham apoio no tripé econômico, social e ambiental”, defendeu hoje (16), durante uma audiência na Comissão Mista de Mudanças Climáticas do Congresso Nacional.
Para o deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ), que integra a comissão, a adoção do novo indicador é um dos pontos que devem estar na proposta sobre economia verde, que fará parte do rascunho zero da Rio+20. “Não queremos a adoção de indicadores paralelos, como um PIB Verde, mas contestar o próprio PIB como métrica de desenvolvimento do planeta. O PIB não serve mais”, afirmou.
Sirkis ainda defendeu que a proposta sobre economia verde seja enxugada para ser mais bem compreendida. Segundo ele, além do novo índice, o modelo deve propor a adoção de valores dos ecossistemas, um novo sistema tributário para estimular a redução de emissão de carbono e o investimento em pesquisas sobre temas como energia limpa, reflorestamento, saneamento e transporte sustentável.
O embaixador brasileiro André Corrêa do Lago, diretor do Deparamento de Meio Ambiente do Ministério de Relações Exteriores alertou que, hoje, o debate sobre desenvolvimento sustentável não é mais uma alternativa, mas uma resposta prática às mudanças do clima e à erradicação da pobreza.
“A previsão é que, em 2050, sejamos 9 bilhões de pessoas no mundo. Com o esforço de países como o Brasil em tirar milhares de pessoas da pobreza, teremos cada vez mais gente consumindo água, alimentos e energia, por exemplo. Os atuais padrões são insustentáveis e não nos permite oferecer acesso a serviços básicos a este público”, disse o diplomata.
Edição: Fábio Massalli