Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A presença dos advogados do empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, do ex-diretor da construtora Delta, Cláudio Abreu, e do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), na sessão secreta da comissão parlamentar mista de inquérito que investiga os três provocou reclamações hoje (10).
O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) questionou a decisão do presidente da CPMI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), de autorizar a presença dos advogados na sessão sem consultar ou sequer comunicar aos parlamentares presentes.
“Foi uma decisão monocrática, em que não houve comunicação ao plenário. O que faz dessa comissão não apenas secreta, mas também com presenças secretas. Nenhum dos membros da comissão parlamentar de inquérito foi comunicado da presença dos advogados dos principais acusados”, declarou Cunha Lima ao deixar a sala de audiência da CPMI.
A sessão está acontecendo a portas fechadas e até um grande pedaço de papel foi colocado em uma das janelas de vidro para evitar que a imprensa pudesse fazer imagens dos depoentes. O delegado Matheus Mela Rodrigues, e os procuradores Daniel de Rezende Salgado e Léa Batista de Oliveria, que atuam nas operações Monte Carlo e Vegas, estão desde as 10h contando aos membros da CPMI os detalhes das investigações que resultaram na prisão de Cachoeira e Abreu e em um processo contra Demóstenes no Conselho de Ética do Senado.
Como os processos contra os três ainda corre em segredo de Justiça, a sessão da CPMI também teve que ser secreta. Para o senador Cássio Cunha Lima, a presença dos advogados deveria ter sido comunicada aos parlamentares para que eles se preparassem. “Eu posso até admitir a hipótese de o presidente decidir pela presença dos advogados monocraticamente, mas temos que ser cientificados para que possamos, por exemplo, orientar nossas perguntas, para que pudéssemos formular nossos argumentos”, disse o senador.
A CPMI do Cachoeira, como vem sendo chamada a comissão de inquérito, está baseando as próprias investigações nas apurações das operações Vegas e Monte Carlo. Os dois inquéritos da Polícia Federal apontam para a existência de uma quadrilha, comandada por Carlinhos Cachoeira, que controla jogos ilegais, esquemas de fraudes em licitações e pagamento de propinas a agentes públicos. A construtora Delta, da qual Cláudio Abreu foi diretor no Centro-Oeste, era utilizada pela quadrilha para atuar em obras públicas. O senador Demóstenes Torres era considerado sócio de Cachoeira no esquema.
Edição: Fábio Massalli
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