Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Médicos e funcionários do Hospital de Ipanema, localizado na zona sul do Rio, aproveitaram a visita do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, hoje (5) à cidade para protestar contra o possível fechamento da unidade, que é federal, para a construção de um centro de transplantes no local.
Padilha participou, de manhã, do lançamento da Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe em uma Clínica da Família, na zona oeste, e negou que o fechamento do hospital já esteja decidido. Segundo ele, um estudo está analisando o perfil dos seis hospitais federais do Rio.
“Existe um processo de integração cada vez maior entre os hospitais federais do Rio e as secretarias municipal e estadual, que é muito positivo. É fundamental que os seis hospitais estejam cada vez mais abertos para oferecer especialidades mais apropriadas e ampliar o número de leitos para toda a população, e não só para quem já era inscrito previamente nesse hospital”, disse o ministro.
Um dos médicos do hospital, o urologista Antônio Cláudio, criticou a desativação da unidade, que, segundo ele, atende cerca de 100 mil pessoas no ambulatório por ano, em uma região com enorme densidade populacional.
“Não tem sentido você fechar um hospital que atende cerca de 50 pacientes de média e alta complexidade por dia. É incompreensível que um hospital seja desativado, quando a rede pública no estado não é ampliada há 60 anos”.
O médico lembrou que a localização do hospital, em um rua de mão única e estreita, inviabiliza locais de estacionamento e heliporto para receber órgãos para transplante. “A rua é de difícil acesso, o metrô passa ali por baixo, o que impossibilita grandes obras". Para o urologista, ninguém pode defender a implantação desse hospital para transplante em Ipanema”.
Na próxima segunda-feira (5), está marcada uma manifestação em frente à unidade, a partir das 8h, com o objetivo de dar continuidade às mobilizações da semana passada, quando os trabalhadores fizeram uma passeata pela Rua Visconde de Pirajá, uma das vias mais importantes do bairro, e protestaram em frente ao Núcleo do Ministério da Saúde no estado, no centro.
Mais de 1.000 profissionais de saúde trabalham no Hospital de Ipanema. Além de cirurgias, o atendimento ambulatorial abrange clínica médica, otorrinolaringologia, ortopedia, oftalmologia, ginecologia, neurologia, proctologia, urologia, entre outras especialidades.
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores Públicos Federais em Saúde e Previdência Social no Estado do Rio de Janeiro (Sindsprev/RJ), ontem (4) o diretor de Recursos Humanos (RH) do Ministério da Saúde, João Marcelo Ramalho Alves, confirmou que o secretário estadual de Saúde, Sergio Côrtes, e o governador Sergio Cabral (PMDB) já solicitaram a cessão do Hospital de Ipanema para transformá-lo em unidade destinada exclusivamente a transplantes. Ainda segundo o sindicato, Alves confirmou que o governo estadual pretende passar a gestão do hospital a uma organização social ligada ao Hospital Sírio-Libanês.
O governo do estado, entretanto, não confirmou o pedido de estadualização do hospital.
Edição: Graça Adjuto