Luciana Lima e Renata Giraldi
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - A primeira ação da polícia do Maranhão para desvendar o assassinato do jornalista Décio Sá, ocorrido ontem (23), em São Luís, será trabalhar em um retrato falado do autor do crime. De acordo com o delegado Guilherme Filho, que investigará o caso, o assassino do jornalista não cobriu o rosto e há testemunhas já ouvidas pela polícia.
"Ele estava de cara limpa e acho que, assim, conseguiremos chegar a um retrato falado do executor, até chegar aos mandantes", disse o delegado.
Embora a ideia de execução seja a mais forte, o delegado informou à Agência Brasil que nenhuma hipótese está sendo descartada pela polícia e que o blog mantido pelo jornalista desde 2006 é uma das peças mais importantes da investigação.
A polícia também vai analisar os contatos telefônicos mantidos pelo jornalista com o objetivo de saber se ele já vinha sofrendo ameaças. "Ele era um jornalista importante, que batia de frente com o sistema e com certeza, por isso, tinha muitos inimigos", disse o delegado.
O jornalista Décio Sá foi assassinado em um restaurante da Avenida Litorânea, na capital maranhense, na noite de ontem. Além do Blog do Décio, um dos mais acessados do estado, o jornalista era repórter da editoria de política de O Estado do Maranhão, pertencente à família do presidente do Senado, José Sarney.
O delegado informou ainda que a polícia não descarta investigar a atuação de pistoleiros em algumas regiões do interior como parte das apurações da morte do jornalista.
Uma das últimas reportagens publicadas pelo blogueiro fazia referência ao julgamento marcado para amanhã (25), no município de Barra do Corda, dos acusados de matar em 1997, o líder comunitário e sem-teto Miguel Pereira Araújo, conhecido como Miguelzinho.
"Não podemos dizer que tem a ver, mas também não podemos dizer que não tem. Vamos investigar. O esquema de pistolagem no Maranhão nunca parou", declarou o delegado.
Edição: Talita Cavalcante