Da BBC Brasil
Brasília – O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou hoje (21), por unanimidade, aumentar de 30 para 300 o número de observadores a serem enviados à Síria durante três meses, com objetivo de monitorar o cumprimento de um acordo de paz no país árabe.
Os 15 membros do órgão da ONU também voltaram a apelar pelo fim da violência na Síria, onde vigora um frágil cessar-fogo que, como a BBC comprovou, não parece ter efetividade em partes do país.
Há até poucos dias, áreas no Norte do país continuavam convivendo com tanques e com disparos constantes, cuja autoria não pôde ser verificada.
Segundo a resolução aprovada neste sábado, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, terá a autoridade para decidir quando enviar o contingente adicional de monitores, com base nos desdobramentos reportados na Síria e na "consolidação do cessar-fogo". Ki-moon acusou o presidente sírio, Bashar Al Assad, de não respeitar a trégua, incluída num plano de paz aceito pela Síria.
O plano de paz, negociado pelo ex-secretário da ONU Kofi Annan, prevê a retirada das forças sírias de áreas residenciais, a libertação de prisioneiros políticos, a permissão para a realização de protestos pacíficos, um maior acesso à mídia às áreas de conflito e o início de um processo democrático de transição política. Sua efetividade ainda é duvidosa.
Também neste sábado, monitores da ONU que já estão no país puderam visitar a conflagrada cidade de Homs, bastião da oposição que tem estado sob constantes bombardeios pelas tropas sírias.
A visita ocorreu em um momento de aparente calmaria - ativistas disseram que o governo interrompeu a ofensiva contra a cidade e tirou seus tanques de circulação durante a ida dos representantes externos. Sendo assim, eles dizem esperar que os ataques sejam retomados em breve.
Apesar de, em geral, a violência ter se reduzido na Síria desde a assinatura da trégua, na quinta-feira (19), muitas violações foram denunciadas por ativistas e jornalistas em campo.
O enviado da BBC à Síria, Ian Pannell, que esteve em Idlib dias atrás, cidade do Norte do país, acompanhou rebeldes se preparando para confrontos e testemunhou tanques oficiais em ação e trocas de tiros.
Autoridades de Damasco, que estão há mais de um ano combatendo a insurgência no país, rejeitam as acusações de opressão e dizem estar enfrentando "grupos terroristas".