Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV) indica que os ovos de Páscoa estão em média 8,96% mais caros em todo o país este ano em comparação ao ano passado, quando o aumento médio superou a casa dos 10%. Feita pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) entre fevereiro e março, em sete cidades brasileiras, a pesquisa foi coordenada pelo economista André Braz.
Ele atribuiu o aumento a fatores como a melhora do poder de compra do trabalhador brasileiro, aliada ao apelo da data. “O que a gente pode constatar na pesquisa é que, aparentemente, a alta não veio em função do aumento dos insumos, porque bombons e chocolates, que têm uma pesquisa à parte, subiram menos de 1% nos últimos 12 meses, não acompanhando, portanto, a alta do ovo de Páscoa, que utiliza o mesmo produto [o chocolate], mas embalado em outro formato”.
O maior aumento médio observado ocorreu em Recife, onde o produto chegou a subir 12,55% quando comprado a 2011. Já o menor índice foi registrado na cidade do Rio de Janeiro – 6,88%. Segundo a pesquisa, todos os reajustes superaram a inflação média entre abril de 2011 e março de 2012, que está em 5,47%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor-10 (IPC-10), medido pela FGV.
Para o coordenador da pesquisa, a possibilidade de que a alta esteja ligada ao aquecimento do consumo deve-se à melhora do poder de compra das famílias e da oferta de emprego, que vem se verificando nos últimos anos. Além disso, por causa da mobilidade do calendário, a comemoração da Páscoa este ano vem distanciada dos gastos típicos do início de ano, tais como material escolar, IPTU e IPVA, “dando fôlego ao orçamento das famílias, que, por sua vez, ficam com mais apetite para adquirir o produto [ovo de Páscoa]”.
“É claro que esta alta é decorrente de uma série de fatores - como o aumento do custo da mão de obra, por exemplo -, mas o produto é sazonal e o consumo só aumenta na medida em que o poder de compra das famílias também abre espaço para que uma coisa supérflua seja incorporada ao seu dia a dia. E cada vez mais, pois a previsão é de que esta Páscoa venda mais do que a anterior”.
O economista ressalta que é difícil, no entanto, quantificar a influência deste aumento do poder de compra na elevação do preço do ovos nesta Páscoa, mas lembra que esses aumentos vêm se verificando também em outros produtos e serviços “que não são tão essenciais e que ganham destaque a cada dia, como lavar o carro, fazer uma pequena viagem", itens que, segundo ele, vêm influenciando a inflação de forma recorrente”.
Como, apesar do aumento, às vésperas da Páscoa, é praticamente impossível evitar as compras dos ovos de chocolate, para os quais se reservam grandes espaços nos supermercados, a FGV recomenda que a população controle o “impulso consumista” ao presentear parentes e amigos. “O consumidor interessado em driblar esse aumento não deve abrir mão de uma detalhada pesquisa de preços. O varejo promove uma competição saudável pela atenção dos consumidores.”
Edição: Lana Cristina