Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Representantes do Sindicato dos Rodoviários de Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, vão se reunir na tarde de hoje (30) com integrantes do Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do estado, no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), para uma audiência de conciliação. A categoria, há dois dias em greve, reivindica aumento salarial de 16%, fim da dupla função (em que motoristas também atuam como cobradores), reajuste de 100% no valor da cesta básica e o fim da função de motorista júnior.
O diretor de Comunicação do Sindicato dos Rodoviários, Antônio da Conceição, espera que a definição de um acordo interrompa a paralisação, que atinge, segundo estimativa da própria entidade, 1,3 milhão de pessoas no estado. Na noite de ontem (29), motoristas e cobradores de municípios da Baixada Fluminense também decidiram aderir ao movimento.
“Esperamos que prevaleça o bom-senso e que consigamos construir uma proposta que ponha fim à greve. Nossa preocupação maior é a garantia do direito de ir e vir do povo, porque por mais que o sindicato tenha cumprido todas as determinações legais, notificando o Poder Público, ainda temos parte da população prejudicada pela falta de informações sobre o movimento”, explicou.
Segundo Antônio da Conceição, o sindicato representa 18 mil profissionais em Niterói e municípios vizinhos, como São Gonçalo, Tanguá, Itaboraí e Maricá. A adesão nesta sexta-feira chega a 60%, conforme o sindicato.
Para o superintendente do Setrerj, Márcio Barbosa, o movimento tem motivação política, pois alguns sindicatos estão em meio a processo de eleição para mudança de diretoria. Para garantir a circulação dos ônibus, carros das empresas buscaram motoristas em casa e alguns profissionais que não exercem essa atividade no dia a dia acabaram assumindo a função.
“Todos eles são motoristas de formação e têm habilitação na categoria D, exigida para dirigir ônibus. Nós os orientamos a trabalhar sem uniforme, para garantir a segurança em caso de piquetes”, acrescentou.
A proposta oferecida pelas empresas inclui aumento salarial de 10% e reajuste de 25% na cesta básica. Enquanto a categoria e as empresas não chegam a um acordo, a população na região metropolitana sofre com a falta de transporte. O encarregado de construção civil Francisco Alves, morador de São Gonçalo, tentou, sem sucesso, na manhã de hoje, chegar ao trabalho.
“Normalmente eu saio de casa às 5h da manhã para chegar a Belford Roxo [na Baixada Fluminense], onde trabalho, por volta das 6h30. Hoje, até as 9h, eu não tinha conseguido nem sair daqui. Foram dois dias horríveis e perdidos”, lamentou.
Edição: Talita Cavalcante