Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Uma unidade de elite da polícia da França, que compõe as forças especiais, cercou desde a madrugada de hoje (21) um prédio em Toulouse. No edifício está Mohamed Merah, de 24 anos, de nacionalidade francesa, o principal suspeito de ser o responsável pelos ataques à escola judaica Ozar Hatorah, em Toulouse, no Sudoeste do país, e a um grupo de militares. O ataque anteontem (19) à escola deixou quatro mortos.
Durante o cerco ao suspeito, três policiais foram feridos. Eles chegaram a entrar no prédio, depois de serem recebidos a tiros. O ministro do Interior da França, Claude Gueant, que está no local e acompanha de perto as negociações com o suspeito, disse que o jovem informou ser um integrante da rede terrorista Al Qaeda.
Há informações de que o jovem passou por treinamentos militares no Paquistão e no Afeganistão, onde chegou a ser preso em Kandahar, no Sul do país. A polícia interrogou também o irmão dele, considerado peça importante para esclarecer os fatos.
As investigações avançaram após a identificação do computador do irmão do suspeito, no qual ficou registrado um encontro com a primeira vítima do atirador, um militar de Toulouse que colocou sua moto à venda em um site na internet. No momento do encontro, o militar, de 30 anos, foi morto com tiro à queima-roupa.
Uma pista que também ajudou nas investigações foi a identificação de uma moto usada pelo suspeito. Os policiais visitaram várias concessionárias da marca na região e o funcionário de uma delas informou que um cliente tinha perguntado como eliminar um chip que permite localizar o veículo após um roubo.
O prédio, no qual mora o suspeito, fica a apenas 3 quilômetros da escola judaica que foi alvo dos ataques na segunda-feira. Para as autoridades francesas, o jovem de 24 anos também é o autor dos disparou que mataram três soldados na região, na semana passada. A mãe do rapaz foi chamada para negociar, mas não quis tentar convencê-lo.
De acordo com o ministro do Interior, o suspeito se comunica com os policiais mantendo-se atrás de uma porta. Nos momentos de diálogo, o jovem disse que matou o rabino e as três crianças, na escola judaica, para vingar as crianças palestinas mortas e os crimes ocorridos no Afeganistão – em uma referência ao massacre de 16 civis.
Na França, o ataque à escola judaica mobilizou as autoridades. O ministro das Relações Exteriores da França, Alain Juppé, acompanha os parentes das vítimas, que seguiram para Jerusalém, em Israel, onde os corpos serão enterrrado. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, deve ir a uma cerimônia hoje em memória dos soldados mortos em dois ataques na semana passada.
A arma e a motocicleta usadas nos três ataques – à escola e aos militares – foram identificadas pelos policiais franceses. No caso dos militares mortos, os três soldados eram de origem norte-africana. De acordo com as investigações, o autor dos dispartos usava uma câmera presa ao corpo para gravar os ataques.
*Com informações da emissora pública de rádio da França, RFI, e da BBC Brasil//Edição: Graça Adjuto