Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O modelo das parcerias público-privadas (PPPs) pode viabilizar a reciclagem de lixo no país, diminuindo gastos para as prefeituras e gerando oportunidades para empresas. Pela sistemática defendida por especialistas, como o presidente do Instituo Brasil Ambiente, Sabetai Calderoni,o modelo de centrais de reciclagem poderia ser implantado na maior parte do país, até 2014. O prazo é o mesmo estipulado pela Política Nacional de Resíduos Sólidos para o fim dos lixões.
Com as PPPs, as prefeituras cederiam apenas o terreno próximo às cidades, onde os resíduos seriam tratados em até 24 horas. As centrais seriam montadas e administradas pela iniciativa privada. “Você não vai eliminar totalmente os custos, mas vai criar uma sistemática de aproveitamento desses materiais e gerar receita, empregos, benefícios para a saúde publica e o meio ambiente. Se o governo não consegue se organizar para isso, transfira a questão para o setor privado, se desonere e crie vantagens para todos”, disse o economista.
A proposta é tratar todo o resíduo em até um dia, com isso, segundo Calderoni, não existe necessidade de grande distância dos centros, já que não há exposição da população aos riscos à saúde. “Você economiza cerca de 90% com transporte, evita poluição com tráfego e acidentes, e ainda você não paga para alguém receber em aterros e usa uma área pequena”, declarou.
Nas centrais de reciclagem, o lixo orgânico, que representa quase 60% do material domiciliar, seria tratado e separado. A parcela sólida poderia ser aproveitada energeticamente, assim como o lixo de banheiro (fraldas, absorventes e papel higiênico), ou usada como fertilizante. A outra metade do lixo orgânico domiciliar, que é composta por água, teria um tratamento específico. “Eu estou transportando, hoje, para longe [aterros], água, a um custo proibitivo, quando eu poderia, em um pátio, fazer com que essa água escorresse por uma canaleta, e tratasse essa água, sem que virasse chorume e causasse doenças quando lançadas em poços e rios”.
Calderoni ainda acrescenta que o entulho da construção civil poderia ser aproveitado em obras públicas. “Nem tudo é ferro e lage. Tem muita terra, madeira, carpete, móveis. São muitos materiais que podem ser transformados em energia elétrica, mas, também, na construção de boca-de-lobo, mesas e bancos para praças, vigas e colunas para túneis”.
Segundo o economista, com a determinação de extinção dos lixões até 2014, de acordo com a Política de Resíduos Sólidos, “vamos ter que recorrer ao aterro, que não pode receber material sem processamento prévio. Isso vai forçar a implantação de centrais de reciclagem”.
Mas a adesão ao modelo de centrais de reciclagem pode demorar mais do que o desejado pelo economista. As prefeituras ainda mantém contratos com aterros sanitários. Esses acordos costumam ter vigência de 15 a 20 anos e, dificilmente, são rompidos.
Edição: Aécio Amado