Rio+20 terá desafio de melhorar governança global sobre o uso das águas, diz diretor da ANA

08/03/2012 - 9h50

Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil


Rio de Janeiro – Representantes do governo e da sociedade civil brasileiros vão usar o Fórum Mundial da Água, que será realizado entre os dias 12 e 17 deste mês, na França, para conhecer experiências e recolher contribuições para as discussões na Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (Rio+20). A Rio+20 terá como um dos temas o uso da água e será realizada entre os dias 20 e 22 de junho deste ano.

Segundo o diretor da Agência Nacional de Águas (ANA)  Paulo Varella, o fórum na França será um bom espaço para que o Brasil mostre sua experiência no que se refere à gestão das águas e, ao mesmo tempo, conheça iniciativas internacionais. Com isso, será possível reunir questões sobre desafios do setor para a Rio+20, que ocorre três meses depois.

De acordo com o diretor da ANA, os países têm grandes desafios para garantir um futuro sustentável. O abastecimento das cidades, a reserva de água em um cenário de mudanças climáticas e o uso da água na crescente produção de alimentos estão entre os temas que devem ser discutidos na Rio+20,

“Tem vários tópicos que poderiam ser abordados na Rio+20, entre eles como vamos enfrentar essa questão das mudanças climáticas ou como vamos ter um desenvolvimento sustentável em que a água possa ser apropriada efetivamente pela sociedade e nos processos produtivos. Isso remonta à questão de que precisamos ter uma governança adequada”, disse.  

Varella explica que os países precisam ter leis e aparatos institucionais adequados a cada local, que possibilitem um uso sustentável da água. Segundo ele, a ação política dos governos e legisladores é fundamental para isso.

“Um grande desafio é fazer a conexão das políticas públicas. É preciso que as áreas de agricultura, mineração, saneamento estejam trabalhando de forma coordenada. Então, é preciso uma governança, em cada um dos países, que faça uma união desses pontos, para que você tenha uma gestão efetiva de recursos hídricos. E aí, é necessário que a água possa subir na agenda política. Os altos níveis de decisão têm que fazer com que as políticas públicas tenham inclusive os recursos necessários, para que possamos ter infraestrutura adequada”, disse.

O diretor da ANA acredita que a Rio+20 trará avanços ao setor. “Tenho toda a expectativa de que haverá avanços. A Rio 92 foi um ponto de inflexão. Na Agenda 21, tivemos todo um capítulo voltado a essa área de recursos hídricos. Foi a partir daí que nós criamos nossas estruturas, nossas leis, nossas instituições. Muita coisa aconteceu. Claro que nem tudo que nós gostaríamos, evidentemente. Então, a Rio+20 será também um novo ponto de inflexão, onde faremos uma reflexão do passado e traçaremos o caminho para o futuro.”

O Fórum Mundial da Água, que será realizado na cidade francesa de Marselha, é organizado pela entidade não governamental Conselho Mundial da Água e deve reunir cerca de 25 mil participantes de diversos países. O Brasil, que deverá enviar de 200 a 300 representantes, manterá um pavilhão de 345 metros quadrados, onde haverá um espaço específico para divulgar a Rio+20.

 

Edição: Lílian Beraldo