Daniella Jinkings
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As iniciativas brasileiras para combater o tráfico de drogas no país, como as unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), foram destacadas em relatório divulgado hoje (28) pela Junta Internacional de Fiscalização a Entorpecentes (Jife), órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU).
O documento mostra que o governo brasileiro tem desenvolvido ações de “alto nível” nas favelas para combater organizações criminosas. Essas abordagens de aplicação da lei têm sido complementadas em algumas áreas com um comprometimento do policiamento comunitário, como as unidades de pacificação. “Por meio desses esforços combinados, tem-se tentado enfrentar a base de poder das gangues ligadas ao crime organizado e construir um senso de confiança entre a polícia e a população local, de forma a aumentar a segurança e a proteção das pessoas que vivem nessas áreas”.
Além das várias iniciativas focadas no enfrentamento de problemas envolvendo drogas e crime em comunidades marginais, diversos aspectos da geografia física e social dessas comunidades estão, na realidade, promovendo o senso de isolamento e desintegração social entre os moradores, tornando a tarefa de combate a esses problemas muito mais difícil.
Algumas comunidades, por exemplo, contam com um sistema de transportes deficiente, que dificulta o fornecimento de serviços de apoio, aumenta o isolamento e a vulnerabilidade. “Os governos do Brasil e de outros países comprometeram-se a melhorar o sistema de transportes como um catalisador de outras formas de desenvolvimento e apoio”.
O Plano Nacional de Combate ao Crack e Outras Drogas, lançado em 2011, também foi destacado pela junta. Segundo o relatório, o governo do Brasil iniciou a implantação de centros de referência regional para promover o treinamento e a certificação de profissionais que atuam em redes de atenção integral à saúde e assistência social, trabalhando com usuários de drogas e suas famílias.
No entanto, a Jife também aborda a falta de informações relacionadas ao tema. No ano passado, vários governos deixaram de fornecer o relatório estatístico anual requisitado em tempo hábil, como a Austrália, o Brasil, Canadá, a Índia, o Japão e Reino Unido. “A apresentação tardia dos relatórios estatísticos anuais atrasa a análise de tendências globais realizada por essa junta. A Jife contatou os governos em questão e pediu a eles que corrigissem a situação”.
O relatório da Jife deste ano marca o centenário da adoção do primeiro tratado internacional de controle de drogas, a Convenção Internacional do Ópio, assinada em Haia em 23 de janeiro de 1912.
Edição: Graça Adjuto