Retirada de vídeo com cena gay do site do Ministério da Saúde é criticada por organizações de combate à aids

09/02/2012 - 17h11

Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Organizações da sociedade civil de combate à aids criticaram a retirada do ar do vídeo com cenas de um casal gay trocando carícias em uma boate, que faz parte da campanha do Ministério da Saúde para prevenção a aids no carnaval.

O ministério informou, por meio da assessoria de imprensa, que o vídeo, que estava no site do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, será exibido somente em ambientes frequentados pelo público gay. Foi um “equívoco” ter disponibilizado a peça na internet, disse a assessoria.

O representante do Fórum de Organizações Não Governamentais (ONGs) Aids do Rio de Janeiro, Willian Amaral, defende que o vídeo seja veiculado em rede nacional de televisão. “Achei o vídeo tímido. Não vejo nenhum problema [de ser exibido na TV aberta]. É moralismo. Essa é a realidade que está aí nas novelas, no noticiário e na mídia”, disse.

O Fórum de ONGs Aids de São Paulo também se posicionou contra a retirada do vídeo, que coloca em risco a defesa da diversidade sexual, conforme declarou a assessoria da organização. A entidade vai se reunir amanhã (10) para definir medidas a serem tomadas em relação ao caso.

De acordo com o ministro Alexandre Padilha, o vídeo para as televisões abertas ainda está em fase de conclusão e será mantido o foco nos jovens gays de 15 a 24 anos de idade.

Apesar de ter sido retirado da página do ministério, o vídeo pode ser visto em sites na internet. Nele, um casal homossexual troca carícias em uma boate, e quando decide ter uma relação sexual, uma fadinha traz o preservativo. O conceito da campanha é: “Na empolgação pode rolar de tudo. Só não rola sem camisinha. Tenha sempre a sua”.

O jovem gay é o alvo da campanha de 2012 por causa do aumento de casos da doença nesse público. De 1998 a 2010, a taxa de incidência da aids caiu 20,1% entre os jovens heterossexuais. Na contramão, os casos da doença cresceram 10,1% no público gay da mesma faixa etária.

 

Edição: Aécio Amado