Ativistas do movimento Ocuppy querem articular novas manifestações e fortalecer processo democrático global

25/01/2012 - 14h04

Luana Lourenço
Enviada Especial

 

Porto Alegre (RS) - Depois de ocupar espaços simbólicos do modelo capitalista, os ativistas do movimento global Ocuppy querem agora espalhar ideias e articular outras manifestações democráticas. Representante do Ocuppy Londres, o ativista Sam Halvorsen, que faz parte do grupo que está ocupando uma área próxima à Catedral de St. Paul há mais de cem dias, disse hoje (25) durante o Fórum Social Temático (FST) que o grupo agora quer se juntar a outros fóruns.

“Temos que fortalecer vínculos, fortalecer esse processo democrático global. Se o sistema político em que vivemos não é capaz de reduzir as desigualdades, teremos que fazê-lo nós mesmos, o que é um desafio enorme”, disse Halvorsen.

O movimento Ocuppy ficou famoso depois da versão norte-americana, quando ativistas ocuparam uma praça na região de Wall Street, coração financeiro da cidade. Em Londres, o acampamento que reúne cerca de 200 manifestantes começou com uma convocação pela rede social Facebook e já é uma das ocupações mais longevas ligadas ao movimento global do Ocuppy.

Um dos desafios, segundo Halvorsen, é como integrar lutas distintas e muitas vezes distantes geograficamente para a globalização das propostas. “A internet, sem dúvida, tem sido um bom instrumento, com a força das redes sociais. Mas a internet também tem suas dificuldades de acesso, se pensarmos em nível global”, ponderou.

Aos 28 anos, Halvorsen é estudante da University College London e rejeita o posto de líder do Ocuppy, porque, segundo ele, o movimento propõe um jeito novo de fazer política, sem postos tradicionais de hierarquia. “Para muitos de nós foi a primeira vez que fizemos algo político na vida. É um movimento mais baseado na prática que na retórica. Ocupar é um jeito de fazer política”, disse.

Em um debate sobre sustentabilidade e a preparação de uma reunião de movimentos sociais paralela à Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que acontece em junho no Brasil, Halverson disse que as questões ambientais também fazem parte da agenda do Ocuppy.

“Com a crise, os movimentos de justiça climática [que pedem ações para enfrentar o aquecimento global] perderam força. Mas temos no Ocuppy grupos que tratam da questão ambiental, até porque são crises do capitalismo, e a crise climática está vinculada.”

Em Londres, as próximas atividades do Ocuppy serão o apoio a greves gerais programadas no continente europeu a partir de março e concentradas em maio.

 

 

Edição: Lílian Beraldo