Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Com a previsão de gerar 9 mil empregos diretos e indiretos na fase de construção, elevando esse número para até 12 mil após a entrada em operação, o projeto de implantação de um polo naval em Jaconé, distrito de Maricá (RJ), poderá começar a sair do papel até o fim deste ano.
“Estamos trabalhando para ter o licenciamento ainda no segundo semestre”, disse o prefeito de Maricá, Washington Quaquá. O projeto prevê investimento de R$ 5,4 bilhões e visa a preencher o déficit em logística, previsto com a exploração do petróleo na área do pré-sal, informou. “A área de Jaconé é propícia a isso”.
Amanhã (24), a construção do polo naval será discutida durante reunião entre o prefeito de Maricá e o governador do Rio, Sergio Cabral Filho. O projeto também é estratégico para o estado em termos de escoamento da produção nacional, ressaltou Washington Quaquá.
Segundo ele, o município vem perseguindo há três anos o projeto de transformar Jaconé em área industrial para servir ao pré-sal. O prefeito explicou que a cidade de Maricá e a região de Jaconé têm vocação turística, mas admitiu que “o turismo, sozinho, não sustenta a economia local. Esse porto é fundamental para dar uma base industrial à cidade, para gerar emprego, gerar recursos, para que o município possa investir na atividade do turismo”.
O governo fluminense apoia o projeto. O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Julio Bueno, ressaltou que a área tem vocação não só para escoar a produção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), localizado em Itaboraí, como para receber estaleiro para a manutenção de plataformas.
O Porto de Jaconé terá capacidade para receber 850 mil barris/dia de petróleo, o que corresponde a 40% da produção atual do país. A previsão é que a obra seja concluída em 2015, coincidindo com a inauguração do Comperj.
O projeto é desenvolvido pela DTA Engenharia, responsável pelo planejamento de mais de 30 portos no Brasil e no exterior, informou a secretaria. A empresa já está elaborando o pedido de licenciamento ambiental. Segundo o prefeito de Maricá, não existe nenhuma unidade de conservação ambiental naquela região. “Não vemos problemas e acreditamos que a licença não vai tardar a sair”, reforçou o secretário Julio Bueno.
Procurada pela Agência Brasil, a organização não governamental internacional de defesa do meio ambiente Greenpeace alegou que não está “acompanhando de perto o caso do polo naval” e, por isso, não dispunha de fonte para comentar o projeto.
Washington Quaquá avaliou que a principal vantagem do Porto de Jaconé é a proximidade. Ele ficará a 26 quilômetros do Comperj. A alternativa mais próxima, o Porto de Açu, situa-se a 250 quilômetros, acrescentou. Outro atrativo é a profundidade. “Ele vai ser o porto mais profundo do Brasil e um dos mais profundos da América Latina. Nós vamos ter de 20 metros a 30 metros de profundidade”. Isso permitirá a atracação de navios de alta capacidade, com até 400 mil toneladas, disse o prefeito.
Ele considerou natural que em ano eleitoral ocorram manifestações políticas contrárias ao projeto. Revelou, porém, que pesquisa feita pela prefeitura apurou que 85% da população são favoráveis à construção do porto. “Há uma ampla maioria da população de Maricá favorável ao empreendimento”.
Edição: Graça Adjuto