Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A expectativa do Banco Central (BC) de atividade mais forte a partir do segundo semestre de 2012 indica, também, risco de inflação maior no futuro, segundo disse hoje (22) o diretor de Política Econômica da autoridade monetária, Carlos Hamilton Araújo, ao comentar o Relatório de Inflação, divulgado trimestralmente.
“Atividade mais forte hoje é associada à inflação mais forte amanhã”, disse o diretor. Segundo ele, se a expectativa de maior atividade econômica se confirmar, “é natural” esperar pressões inflacionárias mais fortes no início de 2013.
O diretor acrescentou que, caso a inflação volte a subir em 2013, serão tomadas “as providências necessárias para lidar com essa situação. Se for necessário, vai haver aumento da taxa de juros”.
No Relatório de Inflação divulgado hoje, o BC apresenta dois cenários com projeções para a inflação do ano que vem, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). No cenário de referência, não são levadas em consideração alterações na taxa básica de juros, a Selic, nem previsões para o câmbio. Nesse caso, o BC elaborou as estimativas com base na Selic no atual patamar de 11% ao ano e taxa de câmbio em R$ 1,80.
No caso do cenário de mercado são consideradas as expectativas de analistas do mercado financeiro para o câmbio e para a Selic, principal instrumento do BC para controlar a inflação. Quando a autoridade monetária avalia que a economia está muito aquecida, com elevação dos preços, o BC sobe a taxa para incentivar a poupança, desestimular o consumo e segurar a inflação. No sentido oposto, a Selic é reduzida quando o objetivo é estimular a atividade econômica.
Nesse cenário dos analistas do mercado, que esperam mais cortes da taxa Selic, a inflação será maior em 2012 e em 2013. Este ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC reduziu a Selic em 1,5 ponto percentual, nas reuniões de agosto, outubro e novembro.
Enquanto no cenário de referência a inflação se situará em 4,7% em 2012 e 2013, no de mercado as estimativas são de 4,8% e 5,3% no acumulado anual, nos períodos respectivos. Ou seja, as projeções do cenário de mercado indicam que, se o BC continuar a cortar juros, a inflação ficará mais distante do centro da meta de inflação (4,5%) em 2012 e, principalmente, em 2013. Essa meta tem ainda margem de variação de 2 pontos percentuais, ou seja, o limite inferior da meta é 2,5% e o superior, 6,5%. Para este ano, o BC espera que a inflação não ultrapasse o teto.
Apesar disso, Carlos Hamilton Araújo reafirmou que ajustes moderados na Selic são consistentes com a convergência da inflação para o centro da meta em 2012, em cenário de crise econômica externa que afeta a atividade econômica do país.
"O Copom entende que, tempestivamente, ao mitigar os efeitos vindos de um ambiente global mais restritivo, ajustes moderados no nível da taxa básica são consistentes com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012", disse o diretor do BC.
Edição: Vinicius Doria
Esforço fiscal supera meta e abre espaço para BC reduzir juros, diz Mantega
Desaceleração da economia global pode tornar mais moderada atividade econômica no país, indica BC
Chega a 54% probabilidade de inflação ultrapassar teto, diz BC
BC projeta menor crescimento da economia este ano e expansão de 3,5% em 2012