Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Cerca de 100 jovens cientistas retiraram hoje (19), no Consulado-Geral dos Estados Unidos, o visto para viajar aos Estados Unidos. Realizado em três cidades, o mutirão, que faz parte do convênio entre os Estados Unidos e o Brasil para o Programa Ciência sem Fronteiras, ocorreu em mais três capitais. O programa financiará os estudos de 841 universitários da área de ciências exatas, durante um ano, em instituições acadêmicas norte-americanas.
O estudante de geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Guilherme Sonntag Hoerlle, de 22 anos, que pretende se especializar em geologia econômica na área de prospecção e mineração, conta que teve apenas dois dias para juntar todos os documentos necessários para concorrer à bolsa e que, por pouco, perderia o prazo.
“Eu e meus colegas viramos duas noites só para preencher todos os formulários. Mas valeu. Os Estados Unidos têm tradição na área e vai ser uma experiência de vida única. Já pensava nessa possibilidade desde que entrei na faculdade.”
De manhã, em conversa com os bolsistas, o cônsul-geral dos Estados Unidos, Dennis Hearne, disse que o convênio é uma oportunidade histórica de estreitar as relações bilaterais entre os dois países, além de uma iniciativa transformadora para o conhecimento nas áreas científicas.
“Com base em meus 26 anos de experiência em diplomacia, posso dizer que este é um programa da mais alta importância para a sua geração e para todos nós. Vocês [estudantes] vão ampliar seus conhecimentos, mas acima de tudo vão contribuir e enriquecer as instituições onde vão estudar, com seu ponto de vista brasileiro e seu entendimento de mundo. E isso não tem preço”, disse Hearne.
Os bolsistas vão receber passagem aérea, bolsa mensal de US$ 870, seguro-saúde, auxílio-moradia e taxas de infraestrutura, além das mensalidades escolares.
Estudante de engenharia de alimentos da Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, Maitê Harguindeguy, de 21 anos, já está com a viagem rumo a Oregon, Portland, marcada para janeiro. Maitê acredita que a experiência será muito boa, sobretudo para aprimorar-se na língua inglesa, porque, em engenharia, exige-se fluência no idioma. Ela ressaltou que também é importante a experiência de viver em outro país e encarar outra cultura. 'Além disso, tem três meses de estágio no fim do curso, e isso pesa muito no currículo.”
A representante da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Maria de Fátima Battaglin, lembrou a responsabilidade ética e moral exigida dos bolsistas, que terão de agir com retidão enquanto estiverem no exterior, pois seus estudos estão sendo custeados pelos contribuintes brasileiros. “Todos vocês têm pela frente uma grande responsabilidade de encarar esse novo mundo de uma universidade. Precisam estar muito comprometidos e ter realmente um acréscimo no conhecimento, na inovação e na vida acadêmica.”
Lançado em julho, o Programa Ciência sem Fronteiras pretende mandar 100 mil bolsistas para o exterior nos próximos três anos, com investimentos de R$ 3,1 bilhões. As áreas prioritárias são de engenharia, física, química, computação, biotecnologia e energias renováveis, além de setores que demandam mão de obra altamente qualificada.
Edição: Nádia Franco