Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Sem consenso sobre uma série de acordos, os negociadores que participam da 17ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Durban, na África do Sul, adiaram para hoje (11) o encerramento das discussões e a definição do documento final. Longas horas de negociação praticamente sem interrupções desde o dia 8 não conseguiram, até o momento, atingir o objetivo de aproximar os países que participam das reuniões.
Os negociadores disseram que a expectativa é que, depois de uma noite em claro, hoje seja concluída a reunião. Há um clima de otimismo entre as delegações do Brasil e da União Europeia. Elas acreditam que será possível fechar um acordo sobre a continuação do Protocolo de Quioto, que vence no ano que vem. O caminho para um novo acordo global não encontrou apoio entre os representantes da China e da Índia.
Observadores disseram que as primeiras versões dos rascunhos de uma possível declaração final, que previam para 2020 o início de um novo período de redução de emissões de dióxido de carbono, foram duramente criticadas. Os problemas atingem principalmente os anos além do prazo de 2020 - considerado distante demais por países como os da União Europeia. A ausência de clareza sobre a situação legal do acordo e a proposta sobre a segunda etapa de Quioto também desagradaram.
A linguagem vaga sobre o valor legal do documento, entretanto, pode ser a única forma de fazer com que os Estados Unidos o aprovem. Sem respaldo doméstico para negociar um tratado climático e às vésperas de eleições presidenciais, qualquer compromisso legal mais firme possivelmente teria um fim semelhante ao do Protocolo de Quioto, aprovado pelos EUA internacionalmente, mas nunca ratificado domesticamente.
Como a reunião de Durban já está na prorrogação desde as 18h de ontem (9), a pressão do tempo dificulta ainda mais as negociações. Representantes da União Europeia, autora do projeto que vinha sendo considerado viável como saída para o encontro de Durban, demonstraram incômodo com o prazo de 2020.
Essa reação, por sua vez, segundo os negociadores, ameaça a continuação do Protocolo de Quioto, uma vez que a Europa deve ficar praticamente só entre os países desenvolvidos no acordo: os Estados Unidos nunca participaram, e o Canadá, o Japão e a Rússia não devem entrar na segunda fase.
O impasse ocorreu porque, sem a participação da Europa, o acordo de Quioto fica praticamente inviabilizado, fazendo com que o grupo Basic (Brasil, África do Sul, Índia e China) dificilmente se comprometa com qualquer meta obrigatória, por mais futura que seja.
Porém, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse que o governo do Brasil se dispõe a adotar "o mais cedo possível" alguma versão do plano da União Europeia para um tratado com força de lei e metas de redução de emissões.
*Com informações da BBC Brasil // Edição: Juliana Andrade