Daniella Jinkings
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, contestou hoje (2) o resultado do relatório Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) sobre a situação dos adolescentes no Brasil. Segundo ela, a população de adolescentes extremamente pobre no Brasil diminuiu, o contrário dos dados da Unicef. “Temos hoje menos jovens entre 12 anos e 17 anos pobres e extremamente pobres do que tínhamos em 2004”.
O relatório Situação da Adolescência Brasileira 2011, divulgado na última quarta-feira (30) pelo Unicef aponta o crescimento do percentual de adolescentes brasileiros de 12 anos a 17 anos que vivem em famílias de extrema pobreza (até um quarto de salário mínimo per capita). Segundo o documento, entre 2004 e 2009, o percentual passou de 16,3% para 17,6%. No mesmo período, a situação de extrema pobreza da população em geral caiu de 12,4% para 11,9%.
Os dados apresentados pela ministra demonstram que a população de adolescente extremamente pobre caiu de aproximadamente 11,5%, em 2004, para 7,6%, em 2009. Significa que quantidade de adolescentes nessas condições passou de 6,58 mil para 4,44 mil. “Tivemos uma melhora no perfil de renda dos jovens, das crianças muito importante.”
Segundo Tereza Campello, houve um erro metodológico no relatório do Unicef, que usou o salário mínimo para fazer os cálculos. Para a ministra, o salário mínimo não pode ser usado como indexador para saber a variação de renda porque ele cresceu acima da inflação. “A medida que o salário mínimo cresce e você o usa como indexador, acaba errando a conta. Temos de usar o indexador de preços, como o INPC.”
Além disso, de acordo com o secretário executivo do MDS, Rômulo Paes, o governo federal considera pobre a pessoa que ganha menos de R$ 140, enquanto para o Unicef é R$ 128,50. “A percepção do governo brasileiro é que a tendência observada no estudo do Unicef não é consistente”.
Paes disse ainda que o MDS entrou em contato com o Unicef para reparar o erro. Por isso, no próximo dia 8, haverá uma reunião entre os dois órgãos para avaliar os resultados divulgados. “É importante que as agências internacionais adotem a metodologia correta. Queremos reforçar nossa parceria e não estabelecer uma competição de quem tem o melhor dado.”
A Agência Brasil ligou para o Unicef, mas não conseguiu contato.
Edição: Aécio Amado