Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), Yukiya Amano, reiterou hoje (17) as suspeitas sobre a produção de armas no programa de energia nuclear desenvolvido no Irã. Amano propôs o envio de peritos estrangeiros para verificação in loco do programa iraniano. Ele aguarda resposta das autoridades do Irã sobre o envio de uma comissão de alto nível ao país.
Amano apelou ao Irã para que se “engaje e, sem demora, forneça os esclarecimentos solicitados sobre possíveis dimensões militares no seu programa nuclear”. Segundo ele, a agência não tem acesso amplo a todos os dados necessários relacionados ao programa nuclear do país. “Continuo disposto a dialogar com o Irã”, ressaltou ele.
“[No começo deste mês] foi proposto o envio de uma equipe de alto nível ao Irã para esclarecer as questões [referentes às suspeitas de irregularidades no programa nuclear iraniano]”, disse Amano. “Espero uma data adequada que pode ser acordada em breve. É essencial que qualquer missão seja bem planejada.”
O governo do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, rebateu as suspeitas de irregularidades no programa nuclear desenvolvido no país. Autoridades iranianas informaram que as informações eram baseadas em questões políticas e, não técnicas. Também ratificaram que o programa nuclear do Irã tem fins pacíficos.
No entanto, o diretor-geral da Aiea reiterou hoje que toma precauções nas análises que faz dos programas desenvolvidos no mundo. “Ao longo dos últimos três anos, temos obtido informações adicionais que nos dão uma visão mais completa sobre o programa nuclear do Irã e aumentam as nossas preocupações sobre possíveis dimensões militares”, disse.
Amano ressaltou ainda que os especialistas da agência analisam de forma “meticulosa e objetiva” o material referente ao assunto. De acordo com ele, no conjunto de informações adicionais há dados que “indicam que o Irã tem realizado atividades relevantes para o desenvolvimento de um dispositivo nuclear explosivo”. Segundo ele, até 2003, as atividades no Irã ocorreram na forma de um programa estruturado.
“O relatório identifica em detalhes as questões que o Irã precisa abordar para restaurar a confiança internacional na natureza exclusivamente pacífica do seu programa nuclear. É minha esperança que o relatório contribua para resolver essas importantes questões pendentes”, disse Amano.
No último dia 11, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, defendeu que a comunidade internacional busque “os caminhos do diálogo e da diplomacia” na tentativa de evitar embates e a adoção sanções ao Irã. O chanceler disse ainda que é “muito prematuro” analisar as hipóteses de reações militares envolvendo o Irã e os Estados Unidos. Mas advertiu que o assunto deve ser tratado no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo o chanceler, quaisquer outras manifestações serão feitas a partir de reuniões entre os enviados brasileiros, a Aiea e as Nações Unidas. Patriota está a caminho do Brasil, depois de passar os últimos dias da visita à Indonésia, onde participou das reuniões dos líderes dos dez países que integram a Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean).
Edição: Juliana Andrade