Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Líderes de 22 comunidades que foram pacificadas recentemente no Rio de Janeiro e os comandantes das unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) vão receber hoje (8) orientações sobre cuidados com a rede elétrica para evitar acidentes. A proposta é que essas lideranças repassem as informações obtidas da concessionária de energia elétrica fluminense, a Light, para a população que mora nessas áreas.
“A experiência que a gente tem mostra que a receptividade da população é boa. [As orientações repassadas] causam muita curiosidade, mas os agentes das UPPs e os líderes [comunitários] são pessoas que estão no cotidiano deles [da população] e já têm uma relação de confiança estabelecida, têm encontros periódicos e formam bastante opinião”, disse o coordenador de Segurança do Trabalho da Light, Calixtrato Talon Filho, explicando o porquê do trabalho de conscientização ser feito em parceria.
A iniciativa integra a 4ª Semana Nacional de Segurança da População com Energia Elétrica, que tem como foco a redução de acidentes com práticas como a instalação inadequada de antenas de TV, soltura de pipas próxima a fios de alta tensão e furto de cabos de energia.
Segundo levantamento da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), no ano passado, o contato com cabos elétricos provocou mais de 300 mortes em todo o país. Até o mês passado, a Light contabilizou 634 ocorrências de pipas presas na rede elétrica, no estado do Rio de Janeiro. No mesmo período, foram roubados 30 quilômetros de cabo de energia no estado.
“A questão do furto de cabos e de energia representa um risco cabal para quem faz essa intervenção. Além de ser um crime, traz um ônus para a empresa. Equipamentos elétricos têm um custo e isso incide em custo alto para a sociedade, não só do ponto de vista de instalação elétrica, mas com fatalidades que geram ônus para o INSS, com morte, sequelas. Tem uma série de prejuízos e todos pagam a conta”, registrou Talon Filho.
A Light recomenda ainda que seja respeitada a distância de pelo menos três metros entre uma construção e a rede elétrica local e o cuidado para não tocar em cabos e procurar profissionais especializados para a instalação de antenas e outras peças de ferro ou alumínio. Essas recomendações serão divulgadas em mensagens nas contas de luz de mais de 4 milhões de clientes cariocas. A concessionária também vai distribuir cartilhas e folhetos explicativos nas agências de atendimento e publicar as informações no seu site.
O foco da ação de hoje é nas comunidades em função do alto grau de informalidade na instalação de energia elétrica nesses locais. Mas, segundo Talon Filho, há ocorrências de instalações inadequadas por toda a parte. “No trabalho que fazemos em escolas, na construção civil, por exemplo, a gente vê que o pessoal sai satisfeito com as informações e ouvimos declarações como 'nunca me atentei para isso’. ‘Fazia isso porque não sabia’. ‘Achava que aquele fio fininho nada poderia provocar’. ‘Achava que puxar linha de pipa com bambu não me daria choque'”, acrescentou.
Edição: Lana Cristina